domingo, 27 de fevereiro de 2011

A cãibra que mata ( texto 24).

Você sabia que um cortador de cana ganha R$ 2,50 a R$ 3,00 por tonelada de cana cortada ?


Enquanto os preços dos combustíveis sobem, usineiros enriquecem e consumidores reclamam. Todos estão pensando no seu bolso, entretanto, ninguém se preocupa com o alicerce dessa pirâmide: o cortador de cana.

Esse trabalhador fica desempregado boa parte do ano e se mata de trabalhar de abril a novembro ( meses da safra), recebendo de R$ 2,50 a R$ 3,00 por tonelada de cana cortada. E, como se não bastasse, ainda paga o transporte, a pensão e a comida.

Alguns cortadores não aguentam a carga de trabalho e morrem. Os médicos dão vários diagnósticos, porém, os cortadores têm o seu próprio: “morte de cãibra”. Mas, o que vem a ser morte por cãibra?
Para entender esse tipo de morte é preciso primeiro explicar a realidade desses trabalhadores.

Nos anos 90 o número de máquinas colheitadeiras aumentou consideravelmente. Essas máquinas substituem o trabalho do cortador. Os fazendeiros, ávidos por lucros, estipularam metas para seus trabalhadores, como 12 toneladas de cana por dia. Se a meta não for alcançada eles mandam todo mundo embora e compram uma colheitadeira.

Para não perder o trabalho e ver a sua família morrer de fome, o cortador trabalha exaustivamente. Ai entra a cãibra. Ela começa nos braços, e segue pelas pernas e, enfim, ao corpo todo. Na verdade, ele morre de estafa.

É preciso gritar com eles. Divulgue essa injustiça!

Um comentário:

  1. Oi, Lurdinha, eu também posso dizer idem. Viajei com suas palavras, sua forma de denunciar a injustiça. A Cãibra Que Mata me fez lembrar de um poema de Ferreira Gullar 'O Açúcar' onde o poeta denuncia a vida de lástima vivida pelos cortadores de cana. Vc me brindou agora com um texto e me deu inspiração para fazer um soneto sobre a cãibra que mata. Preciso de sua autorização para tanto. Posso?

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