quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Zahir

Segundo a tradição islâmica, o Zahir é uma pessoa que, uma vez tocada ou vista, nunca é esquecida - e vai ocupando o nosso pensamento...  Você já conheceu um Zahir?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Amor franciscano

Quem poderia imaginar que um homem que viveu há mais de 800 anos viesse a ser referência fundamental para todos aqueles que procuram um novo acordo com a natureza e que sonham com uma confraternização universal? Este é Francisco de Assis (+1226), proclamado patrono da ecologia. Nele encontramos valores que perdemos como o encantamento face ao esplendor da natureza, a reverência diante de cada ser, a cortesia para com cada pessoa e o sentimento de irmandade com cada ser da criação, com o sol e a lua, com o lobo feroz e o hanseniano que ele abraça enternecido.

Francisco realizou uma síntese feliz entre a ecologia exterior (meio ambiente) e a ecologia interior (pacificação interior) a ponto de se transformar no arquétipo de um humanismo terno e fraterno, capaz de acolher todas as diferenças. Como asseverou Hermann Hesse: "Francisco casou em seu coração o céu com a terra e inflamou com a brasa da vida eterna nosso mundo terreno e mortal". A humanidade pode se orgulhar de ter produzido semelhante figura histórica e universal. Ele é o novo, nós somos o velho.

O fascínio que exerceu desde seu tempo até os dias de hoje se deve ao resgate que fez dos direitos do coração, à centralidade que conferiu ao sentimento e à ternura que introduziu nas relações humanas e cósmicas. Nele as pessoas não comparecem como "filhos e filhas da necessidade, mas como filhos e filhas da alegria" (G. Bachelard). Aqui se encontra a relevância inegável do modo de ser do Poverello de Assis para o espírito ecológico de nosso tempo, carente de encantamento e de magia.

Escrito por Leonardo Boff

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Educação X igualdade

Li na Fórum, que O Estado gasta cerca de dois mil reais por ano na educação de cada criança matriculada. Enquanto isso, as crianças que nasceram em famílias abastadas gastam, somando cursinho de inglês, material didático, aulas particulares, esporte, passeios culturais, algo em torno de vinte cinco mil reais por ano com a educação.


Os governos precisam perceber que desigualdade educacional, quando combinada a desigualdade econômica, cria um abismo rumo à sociedade mais justa. Oferecer uma educação de má qualidade aos desfavorecidos, significa aumentar ainda mais a desigualdade econômica em nosso país.


Os programas chamados, pelos que não precisam, de assistencialistas, como o Bolsa Família, mesmo sendo um meio de distribuição de renda, tem efeito paliativo, pois não promove uma mudança significativa na pirâmide social. Para tal, temos que utilizar mecanismos mais consistentes, que viabilizassem a ascensão dos indivíduos. A educação de qualidade seria um desses mecanismos.


Colocar crianças na sala de aula por colocar, não promove mudanças sociais, apenas aumentam as estatísticas e as verbas recebidas pelos estados e prefeituras. Essas crianças e jovens não competirão em pé de igualdade. Muitas sairão do Ensino Fundamental sem saber interpretar um texto simples ou até mesmo escrever corretamente. No dia a dia se sentirão inseguros no traquejo profissional e tudo contribuirá para que sigam a profissão dos pais, ou seja, reproduzirão a mesma realidade social de seus familiares.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O misterioso Monte Roraima

Sempre abraçado pelas nuvens, o imponente e misterioso Monte Roraima,  uma rocha em forma de altar ( mesa) , toca três grandes nações: o Brasil, a Venezuela e a Guiana. Vários estudiosos afirmam que suas rochas  abrigam segredos da evolução do nosso planeta.   

Os ameríndios acreditavam que a grande rocha na realidade era uma imensa mesa de pedra, e, em volta dela os deuses  se encontravam e decidiam o destino de seus povos.
Por isso, os índios temiam aquela rocha, acreditavam que ao redor dela suas vidas poderiam vir a ser negociadas. 
Costuma-se dizer que os índios da América tinham razão, pois, um dia, os deuses entregaram a vida de cada um deles aos homens brancos que vieram do mar em busca de ouro e poder.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Carta testamento de Getúlio Vargas.

A pedido de um aluno, permito-me dizer, getulista por natureza, partilho um dos documentos mais marcantes da história do Brasil Republicano, a carta escrita por Getúlio momentos antes do seu suicídio.
“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes (...)


Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue(...)Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta.

Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate(...)

Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Governo do Rio de Janeiro X Greve dos Bombeiros.

Diante de um momento de crise o governador desqualifica seus servidores. Há pouco tempo atrás nossos bombeiros eram heróis, agora são delinquentes, nas palavras do governador.

Esse fato me lembra a Revolta de Chibata de 1910, quando um jovem marinheiro desagradou seu superior e recebeu como castigo 250 chibatadas. Seu nome era Marcelino Rodrigues.

Vários marinheiros foram obrigados, pelos seus superiores, a assistirem aquele momento de dor e humilhação. Conta-se que era possível ver partes da pele do soldado pelo chão, tamanha foi a violência.

Naquele momento, uma revolta surgia no coração de cada marinheiro que sentia parte da dor do companheiro. A dor coletiva externou-se, e explodiu, gerando a famosa Revolta da Chibata.

Na ocasião, vários marinheiros tomaram o controle de alguns navios e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, em especial o Palácio da Presidência. O líder do movimento era João Cândido. Todos reivindicavam o fim dos castigos físicos.

O conflito se tornou luta armada, e após várias mortes a reivindicação foi atendida. Os marinheiros não mais seriam açiotados após aquela data.

Nenhum beneficio, em história, passa pela porta da frente. Os que reivindicam são chamados de vândalos, insubordinados e bandidos. A história depois redime.

Atualmente, a Revolta da Chibata é uma das histórias contadas em sala de aula. Tenho certeza que a invasão do quartel já está sendo também.
É das “lutas” entre os que mandam  e os que vendem a sua força de trabalho, que saem as vitórias.

Proponho que todo político tenha seu salário nivelado pelo piso salarial dos bombeiros e policiais. O que você acha ?
Por fim digo que, nós cariocas, amamos nossos bombeiros. Os chamamos para tirar gato de árvores, suicidas de prédios e vítima de acidentes. Não conheço ninguém que tenha chamado um governador ou outro político qualquer.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Xerazade e o poder da palavra ...

Senti vontade de postar a história mais bela que conheço, logicamente, dei a ela o meu toque. Acredito que a história de Xerazade fala do poder que a palavra tem sobre a mente humana. Através da palavra pode-se começar uma guerra ou terminá-la, pode-se acalmar as feras... Então, antes de falar algo pense, se suas palavras abrirão ou fecharão portas.

Partilho agora com vocês, As mil e uma Noites...

Em um reino distante existia um sultão. Devido a uma injustiça sofrida, ele se tornou uma pessoa amarga, o mal cresceu dentro dele.
Todos da cidade o temiam.
Até que apareceu uma mocinha chamada Xerazade.
Xerazade quis ajudá-lo.
Ela sabia que doces e belas palavras poderiam curar a mágoa  e apunhalaria o mal que existia em sua alma.
Então, sabendo disso, todos os dias ela lhe contava
uma história, um conto ou um poema...
E, quando o sultão começava a sentir algum sentimento ruim,
ela usava as palavras...
Suas meigas e delicadas palavras, suavemente como música, mudavam o seu modo de agir e pensar.
E, devagarzinho, ele ia se tornando uma pessoa melhor...
Após mil e uma noites a ternura e a beleza contida nas palavras de Xerazade venceu o mal. O sultão ficou curado, a cidade se alegrou.











Bagdá terra das mil e uma mortes. A ternura precisa vencer.

sábado, 21 de maio de 2011

Para alguns "socialistas" da nossa época.

Li uma entrevista antiga de Oscar Niemeyer. Nela ele diz ser socialista. Não entendi nada !? Como um homem que fez fortuna com governos capitalistas, e, pelo que me consta, nunca doou parte dela para os pobres, se diz socialista? Na prática, ele é um capitalista, não um socialista. Isso também vale para Chico Buarque que espanta os pobres dos seus shows através do preço dos ingressos.

O multimilionário Bill Gates já doou vários bilhões à caridade, e, não saiu por aí fazendo discurso de bom moço e usando uma ideologia que não concorda para atrair aplausos. Ivo Pitanguy, também é um exemplo de profissional capitalista bem sucedido. Ele e sua equipe realizam operações gratuitamente em um hospital no Rio. Pelo que me consta, Pitanguy atende mendigos e príncipes da mesma forma.

Roberto Campos, certa vez afirmou ser engraçada a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar - bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola...

Sendo assim, ‘socialista’ é o cara que chama atenção para as intenções e não busca resultados, adora posar de bom moço, mas não coloca a mão no bolso, prega a igualdade social, mas quer os pobres bem longe.

domingo, 8 de maio de 2011

O Rio é assim ?


Assisti Rio e fiquei perplexa com o grande número de estereótipos e de falsas representações sociais presentes no filme. Na verdade, dizer que existe sociedade sem estereótipos é uma mentira, porém, o que incomoda são as imagens que fomos vinculados.

Na trama tem samba e crimes para dar e vender. Em uma de suas cenas, um vigia abandona o seu trabalho para ir sambar. Neste momento um crime acontece, deixando transparecer que o samba exerce um poder inebriante sobre nós.

Na história tem favela com direito a micos ladrões, uma moto de origem duvidosa e traficantes... de aves. As piores coisas se passam na favela ou de lá foram arquitetadas. E, para piorar a situação, a sociedade é pintada como um conjunto de mulatas assanhadas, gostosas da praia, filhinho de papai drogado, sambista malandro e outras coisinhas mais... Personagens recorrentes na nossa filmografia.

O filme é uma produção americana, portanto, ao se denegrir o país alheio torna-se fácil angariar simpatia e se manter como modelo cultural dominante.

Face a isso, os filmes Hollywoodianos fortalecem, a cada dia mais, determinados estereótipos: russo espião e assassino, mexicano bebedor de tequila, grego pescador e italiano mafioso.

Mas, o maior problema não está propriamente no clichê dos personagens e sim no preconceito que daí advém. Quem não conhece o Rio de Janeiro, após assistir o filme, mesmo sem querer, acaba rotulando os cariocas e, principalmente, os moradores das favelas. E essa rotulação às vezes escapa do controle racional. Lamentavelmente, o filme tem recorte infantil, portanto, várias crianças captaram essas distorções e as reproduzirão em meio social.

Atualmente, a Rocinha, possui cerca de 70 mil habitantes, será que todos são como os retratados no filme?

sábado, 30 de abril de 2011

Para quem esquece rapidamente o que leu ...

*Grife as palavras mais importantes e as frases que expressem a idéia principal do parágrafo.
*Faça perguntas ao texto e busque respondê-las com base nele ( isso dá ótimos resultados na hora de estudar para uma prova).
*Leia, e logo após repita, se preferir, finja estar contando para alguém o que você leu. !
*A memória adora associar informações a imagens. Por isso, crie uma história em seu pensamento, com aquilo que está lendo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Para o Deputado Jair Bolsonaro

Um dia minha filha Gisele, que na época devia ter 5 anos, encostou o dedinho na língua e com ele molhado de saliva passou na perna de uma amiguinha negra. Ela queria descobrir se a cor daquela pele grudaria em seu dedo.
Aquela atitude estava longe de ser preconceituosa, ela só estava curiosa diante do diferente. Ela passou o dedinho e como não viu nada de mais voltou a brincar com a amiguinha, pois a cor daquela pele não significava nada.
Preconceito e fascismo são faces da mesma moeda. Se o “nobre” deputado fosse contemporâneo ao  Hitler, com certeza seria um dos asquerosos que o seguia.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Como defensora do sistema de cotas nas universidades públicas, tomo emprestado o texto de Edson Borges.

“ Imagine dois corredores, um amarrado e outro solto.É claro que o corredor solto ganha sempre. Mas, um dia a plateia dessa competição imaginária chega a conclusão de que essa situação é injusta.

À custa de muita pressão, consegue-se convencer os organizadores a cortarem as cordas que prendiam um dos corredores.

Só que ele continua perdendo. Motivo: seus músculos estão atrofiados pela falta de treinamento. Se tudo continuar como está, a tendência é que ele perca sempre.

O que fazer para promover a igualdade de condições entre dois corredores ? Alguns sugerem que se dê um treinamento especial ao corredor que está amarrado. Pelo menos durante algum tempo.

Outros defendem um medida mais radical: por que não lhe dar uma vantagem de dez metros em cada corrida ?Logo se ouvem vozes denunciando que isso é discriminação. Mas há quem defenda: discriminação sim, mas positiva porque visa promover a igualdade, pois, tratar igualmente é perpetuar a desigualdade.

Essa história ilustra muito bem o conceito de " ação afirmativa” e o que o tema desperta na sociedade. Podemos dizer que os negros, as mulheres e outros grupos discriminados são como corredores amarrados: por vezes estiveram presos pelas cordas do racismo e da discriminação, por vezes traduzidos até em leis. Mesmo depois de soltos continuam a perdendo. Isso porque a discriminação, mesmo que ilegal, prossegue funcionando de forma disfarçada. No caso dos negros, há também a desvantagem histórica...”

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A cãibra que mata ( texto 24).

Você sabia que um cortador de cana ganha R$ 2,50 a R$ 3,00 por tonelada de cana cortada ?


Enquanto os preços dos combustíveis sobem, usineiros enriquecem e consumidores reclamam. Todos estão pensando no seu bolso, entretanto, ninguém se preocupa com o alicerce dessa pirâmide: o cortador de cana.

Esse trabalhador fica desempregado boa parte do ano e se mata de trabalhar de abril a novembro ( meses da safra), recebendo de R$ 2,50 a R$ 3,00 por tonelada de cana cortada. E, como se não bastasse, ainda paga o transporte, a pensão e a comida.

Alguns cortadores não aguentam a carga de trabalho e morrem. Os médicos dão vários diagnósticos, porém, os cortadores têm o seu próprio: “morte de cãibra”. Mas, o que vem a ser morte por cãibra?
Para entender esse tipo de morte é preciso primeiro explicar a realidade desses trabalhadores.

Nos anos 90 o número de máquinas colheitadeiras aumentou consideravelmente. Essas máquinas substituem o trabalho do cortador. Os fazendeiros, ávidos por lucros, estipularam metas para seus trabalhadores, como 12 toneladas de cana por dia. Se a meta não for alcançada eles mandam todo mundo embora e compram uma colheitadeira.

Para não perder o trabalho e ver a sua família morrer de fome, o cortador trabalha exaustivamente. Ai entra a cãibra. Ela começa nos braços, e segue pelas pernas e, enfim, ao corpo todo. Na verdade, ele morre de estafa.

É preciso gritar com eles. Divulgue essa injustiça!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Na moda ou não, o uso de piercings tem seu preço. A pessoa que o coloca corre o risco de ficar deformada, de contrair uma infecção e de ficar com cicatrizes indesejáveis.

Esta semana recebi um e-mail do CEM, escola que trabalho, com várias imagens que envolvem jovens que colocaram piercing. Partilho agora com vocês !




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Se eles não praticam a " igualdade cultural" como defendem a "igualdade material" ?


Durante parte da minha adolescência, eu e mais um bando de jovens, vimos a ditadura acabar e por isso achávamos que o Brasil seria um país mais justo.
Somente o discurso da esquerda, que tinha uma moldura socialista, oferecia acalento para os nossos sonhos. Sentíamos admiração por qualquer político que sonhasse o nosso sonho.

Hoje me sinto uma tola, principalmente quando vejo Lula, que se dizia da esquerda, que abraçava um discurso socialista, ganhar 200 mil reais para falar no dia Mundial de Luta contra a Aids.
Na verdade ele admira o socialismo de Fidel Castro, algumas frases de Marx, mas, também adora uma coisa que só o capitalismo sabe dar: bons cachês !

Isso vale para muitos artistas que dizem ser da esquerda, culpam a burguesia pelos males do mundo, mas que na verdade fazem parte dela.
Só para ilustrar, um convite do show de Chico Buarque, por exemplo, custava em 2007 de R$ 120 até R$ 400 ! Seus fãs da ala proletária não foram, pois não tinham dinheiro para tal.

Se eles não praticam a " igualdade cultural" como defendem a "igualdade material" ?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Tema 23 " Heróis fabricados. ”

Há alguns anos atrás houve uma pesquisa onde a pergunta era: Quem é o maior herói brasileiro? O resultado da pesquisa deu vitória folgada para Ayrton Senna.

 Pelo que me consta, Senna foi um homem bom, entretanto não teve seu nome atrelado a nenhum movimento de luta por direitos, nem denunciava a miséria e as injustiças sociais que assolam o país. Mas, por outro lado, se aguerrido fosse, não seria ele aclamado pela mídia e considerado herói pelos brasileiros.

Infelizmente, o povo brasileiro não valoriza grandes feitos. Ninguém citou na pesquisa o nome do Capitão pára-quedista da Aeronáutica Sérgio Macaco, que, desobedeceu a ordem de seu superior, durante a ditadura militar, para explodir o gasômetro no Rio de Janeiro, com o intuito de culpar os comunistas. A atitude do Capitão Sérgio Macaco impediu que milhares de pessoas morressem. Por essa atitude, ele foi preso e morreu no esquecimento.

Capitão Sérgio Macaco
Os heróis produzidos pela mídia só são heróis enquanto não ferirem os interesses da elite. Ronaldinhos, xuxas e um monte de artistas, se vierem a defender questões como a reforma agrária, reforma tributária, educacional, conhecerão cólera dos poderosos. Por isso preferem apenas cantar, jogar bola ou dançar.

Lamentavelmente no Brasil os “heróis são fabricados.”

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Quantas lágrimas e doenças psíquicas o bullying já provocou. Sobre esse tema partilho com vocês o texto de Rubem Alves para futura reflexão.

Texto 22:
Costumava caminhar num jardim que terminava em frente a uma escola. Observava meninos e meninas que iam juntos, bonitos, esbanjando alegria. Mas havia uma menina muito gorda que caminhava sempre só. Nunca vi um gesto dos alegres e bonitos convidando-a a juntar-se ao grupo. E ela nem tentava. Havia outra, magra, alta, sem seios, rosto coberto de espinhas, encurvada como se quisesse esconder-se dentro de si.


Ficava pensando que havia nelas uma mocinha que desejava ser amada. O que pensavam quando iam para a cama? Certamente choravam. Mas essas percepções não passavam pela cabeça dos outros.

No Ginásio era assim também. Os bonitos se juntavam. Os feios eram deixados de lado. Um incidente ocorrido há 60 anos continua vívido na minha cabeça. Era uma moça feia, desengonçada, magra. Jamais a vi conversando com um menino ou sorrindo. Entrava na sala e ia para sua carteira, encostada na parede. Um dia, chegou atrasada, a turma já assentada. Não havia jeito de se esconder, desfilou diante de todos. E foi então que um colega deu um daqueles assobios… A classe estourou na gargalhada. Ela continuou a caminhar, as lágrimas escorrendo.

Tive vontade de berrar, um grito de ódio, mas nada fiz. Porque também era fraco e feio e ridículo. Ela é a única colega cujo nome não me esqueci. Suas iniciais eram I.K. Eu era novo no Rio de Janeiro, vindo do interior de Minas, onde ir à escola de sapato era um luxo. Fui ao colégio no primeiro dia de aula com sapato sem meia. Todos riram. No dia seguinte, fui de meia. Não adiantou. Riram-se do meu sotaque caipira. Tornei-me vítima dos valentões. Apanhei muito em silêncio porque não sabia me defender. Não tinha a quem apelar. Acontecia na rua, fora do olhar dos professores. Meus pais não saberiam o que fazer. Minha mãe me daria o único conselho que sabia dar: “Quando um não quer dois não brigam”. É verdade, quando um não quer, um bate e o outro apanha.

Uma pessoa querida me disse que tenho raiva das mulheres. Fico a pensar se essa raiva não tem raízes na minha mãe, que só me ensinava a não reagir, que desejava que eu fosse fraco e não enfrentasse a luta. A pancada que mais doeu foi dada por um colega que se dizia filho de governador, rico, arrogante, ouro nos dentes. Sem motivo, na hora do recreio veio até mim e disse: “Você é ridículo…”

Essas experiências não podem ser esquecidas. A gente faz força para não as revelar, por vergonha. Durante toda a vida, foram um segredo só meu. Nunca as contei nem para os amigos mais íntimos. É a primeira vez que as revelo.

Fui me enchendo de vergonha e de humilhação. Daí nasce o ódio. À medida que crescia e me tornava adulto, esses sentimentos criaram em mim um lado que não suporta a injustiça dos fortes contra os fracos. O que me leva, por vezes, a fazer coisas imprudentes a favor dos fracos, mesmo com risco de ser agredido.

Mas há algo que me magoa. É como se a minha pele de ternura, de voz baixa, de poesia, que deseja proteger as coisas fracas, morasse no mesmo quarto onde mora esse jeito bravo. E, de vez em quando, sem me dar conta, fico irônico, impaciente, a voz se encrespa. Imagino que isso aconteça quando, lá no meu inconsciente, onde mora o menino ridículo que apanhava, o sentimento de humilhação aparece. Magoei muitas pessoas com esse meu jeito, algumas de forma irremediável. Por isso estou triste. Mais triste porque sei que hoje, no mundo todo, os fracos são humilhados e apanham…

Rubem Alves

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Pela Criação do Estado da Palestina !

Palestino é todo indivíduo que nasce na Palestina. Atualmente os palestinos podem ser cristãos,muçulmanos, nascidos em territórios independentes ou em Jerusalém ( parte oriental).

Mesmo estando sob comando israelense os palestinos nascidos em Jerusalém possuem nacionalidade própria e são reconhecidos diplomaticamente em vários países, inclusive no Brasil, como um povo nação.

A Palestina encontra-se dividida em três partes: Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém oriental que integra o Estado de Israel.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Reforma agrária: impossível diálogo.

Terminei de ler o livro, Reforma agrária: impossível diálogo.

Partilho com vocês algumas conclusões.

Segundo o autor José de Souza Martins, quando chamamos os sem terras de excluídos não estamos favorecendo a mudança social, pois, o termo excluído pressupõe a legitimação da realidade.

Durkheim diz que o Estado através da força coercitiva molda a consciência coletiva da sociedade. E como no Brasil os partidos políticos, que de certa forma representam o Estado, possuem compromissos com as classes dominantes, a reforma agrária tende a não sair.

Muitos intelectuais alegam que a reforma agrária traria prejuízos para o desenvolvimento da economia capitalista brasileira. Eles representam a postura do Estado que prefere optar por projetos sociais do que por uma reforma profunda.

O brasileiro acredita que o Estado antecipa soluções dos problemas sociais, sendo assim, nega-se a participação dos indivíduos na construção de processos históricos que primam por melhorias, pois o Estado agirá primeiro, arrancando da sociedade todas as suas iniciativas.

Um dos grandes defeitos do MST é falar em nome da sua instituição, não em nome da classe pobre, que é a que está diretamente envolvida na questão, desta forma, se isolam e caem na anomia social.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Texto 21: Saga de Nascimento: O herói Brasileiro


A imagem do herói está presente no imaginário das sociedades. Jung chamava atenção para o fato de que os mitos e heróis encarnan padrões culturais. Será que na realidade brasileira está presente a crença de que nada muda ? Será que o nosso herói Capitão Nascimento reforça isso?
Leia e pense a respeito.

Filme 1

O nosso herói se chama Capitão Nascimento. Seu primeiro nome é Roberto, mas ninguém o reconhece assim. No filme número um, ele usava armas, colete e uma roupa preta com a caveira perfurada por uma faca. Ele liderava o grupo de policiais mais temidos dos morros cariocas.

Quando ele entrava em ação tocava aquela música: tropa de elite osso duro de roer pega um pega geral.... Ah ( suspiros) ! Temos um herói. Até os traficantes assistiram o filme e se reconheceram nos sacos plásticos e o tapas na cara, tão comum para eles !
A saga continua: “o inimigo agora é outro” .

Filme 2

O Capitão Nascimento voltou como Coronel. Tirou a roupa preta e colocou um terno, mas, continuou gato. Segundo ele, foi o “sistema” que o colocou como sub-secretário de segurança do Rio de Janeiro. Agora a culpa não é mais do bandido é do “sistema”.
Uma das características do “ sistema” são seus diversos tentáculos que levam a corrupção por onde passam.

Triste constatação: No primeiro filme Nascimento era herói, putz, no segundo ele é vítima. Perdeu a mulher para um maconheiro, que por sinal era seu inimigo, perdeu seu cargo na polícia, seu amigo e seu filho foi parar no CTI.

Que pena, o nosso herói não era herói como o Batman e Superman , esses no final sempre vencem. Ele merecia um final maneiro, nós também !

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Você sabia que o fotógrafo que tirou esta foto se matou ?

Eu estou depressivo(…) sem telefone(…) dinheiro para o aluguel(…) dinheiro para o sustento de criança(…) dinheiro para dívidas(…) dinheiro!(…) Eu estou sendo perseguido pela viva memória de matanças, cadáveres, cólera e dor(…) pela criança faminta ou ferida(…) pelos homens loucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policial, assassinos(…)
Trecho da carta de suicídio de Kevin Carter
Este trecho é de uma carta de suicídio do fotógrafo sul-africano Kevin Carter(1960-1994) ganhador do premio Pulitzer em 1994. Ele fotografou uma criança faminta, sem forças, rastejando para um campo de alimentação, há um quilômetro dali. Ao lado um urubu observa e espera a morte da criança para poder devorá-la, como se já soubesse apriori e esperasse a morte chegar. Carter observou durante vinte minutos, achando que o urubu fosse embora, como não foi, espantou-o e saiu rapidamente dali. Nesta atitude está todo o peso de seu sofrimento e suicídio. Ele se culpou por não tê-la salvo e refletiu sobre si mesmo naquela cena: “um homem ajustando suas lentes para tirar o melhor enquadramento de sofrimento dela, talvez também seja um predador, outro urubu na cena”.
Por que Carter não a salvou? O que ele pensava? Qual era sua preocupação? Com um pouco de reflexão podemos entender por que razão ele não a salvou. Todos nós, filhos da modernidade, somos espectadores de uma experiência empobrecedora que melhor se conceitua como guerra, fome, miséria, repressão e barbárie. No mundo moderno o mal se tornou comum, é parte da cena cotidiana. O mal se banalizou. Tornamo-nos insensíveis a desgraça alheia. Carter, como fotógrafo, acostumou-se a captar o cinéreo, o claustro e o frívolo em suas fotografias. Acostumou-se a experimentar o mal. Mas pagou um preço alto pela banalização do mal. Quando refletiu sobre a cena, sentiu náusea, culpa, remorso. Suicidou-se. Foi o preço que ele pagou por sua falta de piedade. Digo piedade, pois é por meio desse conceito que podemos entender Carter.
Michel de Souza Aires

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O passado morreria de inveja !

Brasília concentra um poder hoje que faria a coroa portuguesa se rasgar todinha de inveja !!!

Não custa lembrar que Tiradentes morreu por ser contra o Quinto ( imposto da época colonial que equivalia a 20 % do ouro encontrado).
Atualmente, pagamos cerca de 40% de tudo que produzimos, ou seja, nem mesmo o dobro de impostos e, sem falar do “mensalão”, gera revolta.

"A punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus." (Platão)"

“O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam.” (Arnold Toynbee)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Texto 20: Karl Marx e a crítica ao capitalismo

Karl Marx e a crítica ao capitalismo

Karl Marx (1818-1883), em virtude de suas concepções revolucionárias foi um dos homens mais odiado do séc. XIX. Suas idéias constituem-se em um dos pensamentos mais difíceis de ser explicado ou resumido, isso porque Marx escreveu vários livros e seu ideário se desdobra em várias correntes de pensamentos.

O livro O Capital é considerado sua obra-prima. Nele, Karl Marx explicar o funcionamento do capitalismo, antecipa sua evolução e faz críticas a essa doutrina econômica.
Segundo ele, para sobreviver o homem é obrigado a transformar a natureza para obter as coisas que precisa, como exemplo, ele produz alimentos e roupas. A partir desse ponto, Marx afirmava que qualquer estudo sobre a sociedade deveria começar na observação das relações sociais que se formam quando os homens utilizam os meios de produção. São essas relações sociais de produção que, para ele formam a base de toda a estrutura social.

Analisando a sociedade capitalista ele chegou à conclusão que ela se divide em dois grupos, trabalhadores e capitalistas. É nesta realidade socioeconômica que, para Marx, as desigualdades sociais nascem.
O pensador ilustra suas concepções explicando que na realidade capitalista, o capitalista compra a mão de obra do trabalhador e lhe paga um determinado salário. Muitas vezes, poucas horas de trabalho seria o suficiente para pagar-lhe o salário. Entretanto, o trabalhador se apossa das horas excedentes para obter altos lucros. O lucro obtido não retorna para o trabalhador, uma vez que o seu salário não aumenta se os lucros do capitalista aumentam. A esse valor excedente Marx chama de mais-Valia.

Analisando as relações sociais de produção, esse pensador ainda dizia que o conceito de classe social é um conceito histórico, pois as classes sociais mudam ao longo da história humana, de acordo com as circunstâncias sociais, econômicas e políticas. As classes são definidas por sua relação com a propriedade dos meios de produção e por sua posição no processo produtivo.
Outro ponto valorizado no pensamento Marxista é a existência da luta de classes, onde a classe em desvantagem tenta alcançar um patamar melhor (na atualidade podemos ver a luta de classe nos movimentos sem terra, greves etc.). Quando os conflitos entre as classes tornam-se insuportáveis, ocorre uma grande mudança social, modificando-se o modo de produção.
Sou doutrina propõe a derrubada da classe dominante ( burguesia) através de uma revolução do proletariado, e a criação de uma sociedade sem classes, onde os meios de produção passam a ser da coletividade.

Para validar seu pensamento Karl Marx cita o final do feudalismo, quando a burguesia derrubou a nobreza. A Revolução Francesa culminou essa mudança.

Diante das ideias marxistas podemos concluir que cada sociedade, sendo ela estamental, de casta ou capitalista possui classes dominantes que se apossam dos meios de produção. Essa realidade se impõe através de construções históricas, onde os indivíduos constroem a sua história, mas não da maneira que querem, pois existem, situações que conduzem o modo como ocorre a construção.

Karl Marx ainda lembra que o capitalismo cria uma ideologia que é passada de geração em geração, condicionando as classes para determinados caminhos; mas todas as classes possuem a capacidade de reagir e transformar a história.

Obs: Meios de produção é a junção da matéria prima com os instrumentos de trabalho, ou seja, ferramenta, máquinas, luz...

terça-feira, 23 de março de 2010

Texto 19: o socialismo de Marx

O socialismo de Marx

A Revolução industrial transformou a vida de milhões de pessoas, principalmente a dos artesãos que não conseguiram enfrentar a concorrência das fábricas ( isso sem falar dos cercamentos).

Enquanto, por exemplo, um artesão fabricava um par de sapatos por dia, a fábrica produzia duzentos. O preço dos produtos vindo das fábricas era bem menor.

Para não morrerem de fome milhares e milhares de artesãos foram trabalhar nas fábricas por um salário miserável. Na realidade industrial duas coisas cresciam: a riqueza da burguesia e a miséria do povo.

Neste contexto vários pensadores passaram a criticar o capitalismo. Um deles foi o socialista Karl Marx. Em 1848, juntamente com seu amigo Engels, escreveu o capital, neste livro ele fez profundas críticas ao capitalismo e defendeu o chamado socialismo científico, também conhecido com marxismo. Suas teorias de uma forma geral diziam que:
  • O capitalismo gera grandes injustiças sociais, pois no capitalismo ninguém é suficientemente rico, assim, o trabalhador será sempre explorado pelo capitalista. Esse nunca dividirá os lucros com os trabalhadores, sejam eles grandes ou não.

  • O capitalismo gera crises e nessas crises podem ocorrer uma revolta dos trabalhadores e a implantação do socialismo.

  • A sociedade socialista é igualitária. Todos os meios de produção ( matéria prima e instrumentos de trabalho) passam a ser do proletariado ( trabalhadores) e planejada por um Estado justo.

  • O objetivo da economia não é o lucro e sim o bem estar da população.

  • A burguesia produz um conjunto de ideias ( ideologia) que cegam o proletariado os deixando conformados. Com o fim do Estado burguês o povo torna-se mais consciente.

    Baseado nas ideias Marxistas, em 1917, ocorreu na Rússia a Revolução socialista, conhecida como Revolução Russa. Esse acontecimento daria origem a URSS e propagaria pelo mundo a fora as ideias socialistas através dos partidos comunistas.

sábado, 20 de março de 2010

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, usa um relógio, que custa US$ 165 mil.
Até que não é o mais caro se comparado a outro modelo da mesma marca, que custa US$ 2,7 milhões.
Pois é, esse relógio é para quem pode! O socialista Chávez, pode !

Não tenho nada contra quem tem dinheiro para comprar um relógio que custa o preço de um apartamento, desde que o tenha adquirido de forma honesta, entretanto, sou contra quem diz que é socialista e o tem. A isso chamo de hipocrisia.

Tem idiota que ainda leva a sério os discursos políticos sem ações comprobatórias.
Isso vale para muitos partidos que enquanto abraçam o discurso de justiça social, tiram dinheiro das escolas e de hospitais... através da corrupção.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Texto 18- A chapa esquentou: O Iluminismo chegou !


Iluminismo

Tranquilamente poderíamos chamar os anos entre os séculos XVIII e XIX de “Os anos chapa quente”. Neste período, para desespero das monarquias, vários acontecimentos abalaram a Europa e a América, inclusive o Brasil. Observe o que aconteceu nesta época:

* A independência dos Estados Unidos (1776)
* A Revolução Francesa (1789-1799)
* A Inconfidência Mineira (1789)
* Conjuração Baiana (1798)
* E vários países da América latina foram ficando independentes (no início do séc. XIX)...

Mas não parou por aí, este período foi acompanhado por um bando de ideias novas que propunham acabar com o poder da monarquia e da nobreza. Os indivíduos que defendiam tais ideias eram chamados de iluministas.

Os iluministas acreditavam que tinham como missão levar o esclarecimento a todos os setores da sociedade independente de classe social, pois, somente através da razão os homens alcançariam as luzes do saber, saindo então do mundo das trevas, onde a ignorância imperava.

Para eles, todos os governos tinham que primar pela liberdade e pela igualdade perante a lei, ao invés de se preocuparem com o luxo.

Acreditavam também, que a sociedade moldava os seus indivíduos para torná-los submissos a uma ordem econômica e hierárquica, inculcando-lhes superstições, medos, crenças e preconceitos. Para completar diziam que a Igreja acabava transformando os homens em meros fantoches dos poderosos.

O filosofo iluminista Jean Jacques Rousseau dizia que “o homem é bom por natureza, a sociedade é que o corrompe”.

Existia ainda, uma corrente de iluministas ligados à educação. Eram chamados de pedagogos esclarecidos (esclarecido e iluminista são a mesma coisa) . Eles afirmavam que seria através da escola que se mudaria o mundo, pois, se desde cedo, a escola educasse as crianças para viverem sem preconceitos, serem quietinhas e fraternais, o futuro seria bem melhor.

Os estudiosos ilustrados (os iluministas também são chamados de ilustrados) davam muito valor a ciência, acreditavam que através dela o homem comprovava as coisas pela razão.

Neste contexto cientificamente positivo, para desespero da Igreja, os iluministas começaram a explicar como funcionava o universo. Como exemplo, quando caia uma forte chuva e destruía as lavouras de uma aldeia, a igreja dizia que era castigo, enquanto, os cientistas diziam que era um fenômeno da natureza. Para eles, Deus criou o mundo com uma natureza que se movia através de leis própria.

Não precisamos nem falar que este modo de pensar motivou inúmeros avanços tecnológicos e científicos em vários campos como: astronomia, física, química, biologia, medicina...

Os principais pensadores Iluministas foram:

Barão de Montesquieu (1689-1755) _ Ele dizia que não existia um governo totalmente certo. Sua proposta mais conhecida foi a divisão dos poderes em três instâncias: poder legislativo, judiciário, executivo. Desta forma um poder fiscalizaria o outro.

Voltaire (1694-1778) Defendia a liberdade de todos os indivíduos. Dizia que o poder supremo dos Reis e da Igreja tinha que acabar.

John Locke (1632-1704) Dizia que um governo forte era necessário para defender a vida e a propriedade das pessoas, porém, este poder jamais poderia ser limitador e tinha que possuir um contrato com a população. Se o seu governo fosse bom ele poderia continuar no poder, mas, se ao contrário não fosse o povo poderia tirá-lo do poder.

Lourdes Belchior

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Texto 17: Um Campo de Extermínio chamado Gaza

* Há alguns anos li esse artigo ( acho que foi em 2006). Até hoje ele me impressiona. E agora o partilho com vocês!
* A foto acima registrou a dor de um voluntário que ao resgatar uma criança, após um bombardeio, percebeu que ela estava morta. O voluntário palestino não segurou a dor e chorou.
Texto 17:Um campo de extermínio chamado Gaza

(...) Na quarta-feira passada, intensos bombardeios israelenses destruíram a única usina de força e luz da faixa de Gaza, onde vivem 1 milhão e 300 mil palestinos. Setecentos mil ficarão sem luz pelos próximos seis meses. Esses estão dentro de casa abanando-se com leques e jornais (a temperatura bate os 38 graus), olhando para suas geladeiras que não funcionam. Por outro lado não podem sair de casa por causa do intermitente bombardeio e possibilidade de invasão a qualquer hora.

A escuridão sufocante e as explosões em massa fazem tremer as cidades. O zunido dos mísseis estilhaçam milhares de vidraças, crianças correm para os braços das mães, velhos sofrem ataques cardíacos e mulheres abortam espontâneamente. Setecentas mil pessoas sem eletricidade, sem um rádio onde possam ouvir uma voz amiga lhes dizer: “Nós vamos socorrê-los”.

Os palestinos estão sem comida ou com comida podre. Sem leite e sem água. Muitos cozinham cereais em fogões a gás. Mas com as fronteiras fechadas, o que fazer quando o gás acabar? O suprimento de água em Gaza é feito eletricamente. Poderíamos chamar isso de terrorismo?
O aqueduto está contaminado pela água do mar e por impurezas provocadas pelas bombas. Para que essa água seja purificada, teria de ser tratada por máquinas elétricas. Claro, a água pode ser fervida, mas até quando? Beber água contaminada significa simplesmente cólera.

Se ocorrer uma epidemia, ela se alastrará como fogo em palheiro entre uma população sem espaço para se movimentar, com medo de se movimentar. Quando não existe água e luz, os hospitais são inúteis, são inúteis os médicos, as enfermeiras, os bons samaritanos.
“Os palestinos de Gaza não podem nem fugir”, explica a jornalista e cientista política Virgínia Tilley. Nenhum dos países vizinhos tem condições de absorver quase um milhão de pessoas pobres e desesperadas.

Logística e politicamente desestabilizariam o Egito. Não podem procurar ajuda e segurança com seus amigos e parentes, na margem ocidental do Jordão, pois é proibido sair da região de Gaza.Não podem nem passar pelo Egito para atingir a Jordânia porque Israel não permite a passagem de pessoas com carteiras de identidade de Gaza.

Israel já cometeu inúmeros crimes de guerra sem que nada acontecesse, desafiando abertamente a Convenção de Genebra. (...) Israel transformou a faixa de Gaza num campo de extermínio e o mundo discute futebol. Na escuridão, ninguém enxerga. É quando os ratos se aproximam para o banquete.

Fausto Wolff- Jornal do Brasil

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Texto 15: Revolução de Avis


Revolução de Avis

Muitas pessoas se perguntam o motivo pelo qual Portugal tornou-se o pioneiro na expansão marítima, tendo-se em vista que ele era um país pobre, com estruturas feudais e uma burguesia que não era lá grandes coisas.

Existem vários motivos para tal pioneirismo, a maioria dos livros didáticos os apontam (boa localização geográfica, técnicas de navegação etc.), entretanto, o motivo que serviu de base para tal empreendimento foi a Revolução de Avis (1383-1385). Vamos ver como ela aconteceu?

A partir do séc.VIII os árabes começaram a dominar a Península Ibérica. A presença desses árabes na Europa transmitiu aos europeus importantes conhecimentos sobre a matemática, navegação, medicina e a filosofia entre outras coisas.
Apesar de tudo que aprenderam, os europeus viam os árabes como intrusos, e sonhavam com o dia em que fossem embora.

A medida que os árabes eram expulsos vários reinos, condados e feudos se expandiam. No ano de 1139, uma região da Península Ibérica conseguiu se libertar do domínio muçulmano. Após três anos essa região transformar-se-ia em Portugal (1142).
Todo esse processo de guerra contra os árabes promoveria a união entre a nobreza, a burguesia e os setores populares, centralizando o comando, o poder e fazendo crescer o sentimento de nação entre o povo.

Em 1383 o Rei de Portugal morreu. Espertamente, os nobres do reino de Castela ( que hoje podemos chamar de Espanha) tentaram anexar Portugal aos seus domínios. No passado Portugal, que se chamava Condado Portucalense, fazia parte do reino de Castela ( atual Espanha).

Para evitar tal união os portugueses se revoltaram e promoveram a Revolução de Avis, coroando D.João I, Rei de Portugal. Agora, Portugal já era um Estado, tinha um Rei, uma burguesia que bancava as viagens e já podia lançar-se ao mar, o que viesse era lucro, lucro só seu !
Lourdes Belchior

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Texto 14: Não guarde, jogue fora!

Texto 14

Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo mostrou que grande parte dos brasileiros - 87% - admite que há discriminação racial no país, mas apenas 4% da população se considera racista. Há racismo sem racistas? Onde você guarda o seu racismo? Não guarde, jogue fora!
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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Texto 11: Em nome de Deus

Texto 11:Em nome de Deus
José Murilo de Carvalho

Foi muito diferente o papel exercido pela religião e pelas igrejas nos movimentos abolicionistas dos Estados Unidos e do Brasil.
O mais forte componente dos abolicionismos britânico e norte-americano foi justamente a convicção religiosa. Os quakers foram pioneiros na luta contra a escravidão na Grã-Bretanha. Esse grupo religioso puritano, conhecido como Sociedade dos Amigos, engajou-se na luta desde o final do século XVII. Apesar de não haver condenação da escravidão na Bíblia, eles decidiram que sua prática era incompatível com o princípio da igualdade de todos os homens perante Deus. Aliados a outros religiosos, organizaram-se em sociedades abolicionistas, mobilizaram a opinião pública e pressionaram o Parlamento para aprovar medidas contra a escravidão. Em 1807, esses militantes conseguiram sua primeira grande vitória quando o Parlamento decretou o fim do tráfico de escravos.
A atuação dos quakers estendeu-se aos Estados Unidos, onde a luta foi muito mais dura, pois lá a escravidão estava dentro do país. Mesmo assim, na década de 1830 já funcionavam várias sociedades abolicionistas, todas movidas por valores puritanos e organizadas por quakers, metodistas e batistas. A mais importante foi a American Anti-Slavery Society, criada em 1833. No Brasil, nem o pensamento abolicionista se baseou na religião, nem a Igreja Católica se empenhou na causa. Pelo contrário, padres e ordens religiosas eram coniventes e cúmplices da escravidão. A Bíblia, argumentava-se, não proibia a escravidão e, afinal, o que importava era a liberdade da alma livre do pecado, e não a liberdade civil. Além disso, padres eram empregados do Estado, cujos interesses tinham dificuldade em contrariar. Nosso abolicionismo baseou-se antes em razões políticas e humanistas.
Esse contraste ajuda a entender por que, nos Estados Unidos, a abolição foi seguida de forte ação a favor dos ex-escravos, sobretudo nos campos da educação, dos direitos políticos e do acesso à propriedade da terra. Entre nós, nada foi feito, nem pelo Estado, nem pela Igreja, nem pelos particulares.

José Murilo de Carvalho é professor titular da UFRJ e autor de Dom Pedro II: Ser ou não ser (São Paulo: Companhia das Letras, 2007).

Texto 10: Desta para melhor



Texto 10: Desta para melhor
Autor: Jackon Ferreira

Em 25 de março de 1854, o subdelegado da freguesia de Santo Antônio, na cidade de Salvador, prendeu o escravo Luiz, fugido do poder de seu senhor, Antonio Montinho, morador da cidade de Santo Amaro. Motivo: o senhor não queria atender ao pedido do escravo para que o vendesse, pois não queria mais servi-lo. Com o fracasso da fuga, Luiz ameaçou enforcar-se caso tivesse que voltar para o domínio do seu dono. O subdelegado resolveu então mandá-lo para a Casa de Correção enquanto esperava Antonio Montinho decidir se o vendia ou não.
Dez anos depois, a africana Camila, 30 anos, escrava dos também africanos Domingos e Guilhermina, moradores na freguesia do Pilar, em Salvador, tentou se afogar com seu filho Marcos, de apenas cinco meses, no Dique do Tororó. Salvos por pessoas que passavam pelo local, foram conduzidos à presença do subdelegado da freguesia, a quem Camila revelou que desejava se livrar dos maus-tratos dos seus senhores e dos serviços que exigiam que realizasse sem que ela tivesse condições de atendê-los. Chamado à delegacia, Domingos foi aconselhado a vender mãe e filho. O medo de perder o patrimônio foi decisivo para que os senhores os pusessem à venda.
Documentos encontrados nos arquivos de Salvador demonstram que Luiz e Camila não foram os únicos escravos a ameaçar pôr fim à vida ou mesmo de tentar o suicídio como meio de obter melhores condições de existência dentro ou fora do cativeiro. Foram localizados 231 casos de suicídios consumados ou de tentativas, sendo 167 de escravos e 64 de escravas, entre 1850 e 1888. Em 158 deles foi possível saber a origem das vítimas – 97 africanos e 61 escravos crioulos, isto é, nascidos no Brasil. Para se ter uma idéia, na década de 1850 os africanos representavam 67% do total de escravos suicidas. O que não causa admiração, pois, além de constituírem ainda uma parcela bastante significativa da escravaria baiana naqueles anos, a violência do tráfico agora interprovincial talvez contribuísse para seu desespero.
O suicídio era um ato de resistência individual que pode ser compreendido tanto como expressão de um conflito quanto de uma negociação entre senhores e escravos. Entre estes dois pólos, os escravos se colocaram como indivíduos tentando conduzir a própria vida em meio a condições adversas. Muitos casos demonstram que o ato só era praticado como último recurso para forçar o atendimento dos desejos ou como alternativa para escapar definitivamente da escravidão.


Fonte Revista História Biblioteca Nacional: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=491

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Texto 7:Amor ingrato

Texto 7: Amor ingrato

Francisca amava josé. Mas havia um problema: José, nascido em Cabo Verde, era escravo em Minas Gerais.
Francisca, ex-escrava e proprietária de alguns imóveis em Mariana, comprou a liberdade do seu amado, e eles se casaram. Mas, infelizmente não viveram felizes para sempre.
José usou o dinheiro das rendas de Francisca para comprar uma escrava, a africana Maria, e a transformou em sua amante.
E não parou por aí: passou a maltratar sua esposa e a usar a amásia para ameaça-la, até que ela precisou sair de casa.
Francisca que já havia superado as agruras da escravidão e conseguido numa vida relativamente confortável, não aceitou a situação com facilidade.
Ela recorreu a justiça em 1772, pagando um advogado para processar o marido ingrato e o capitão-mor da região, uma espécie de delegado de polícia , que dava cobertura a José.
O desfecho do caso ninguém sabe, ninguém viu. Mas fica a prova de que a ingratidão e a injustiça não eram aceitas passivamente pelas mulheres da colônia.

Em Crimes e escravos na Capitania de Todos os Negros, de Liana Maria Reis.

Texto 6:Leopoldina a Imperatriz do Brasil



Texto 6: Leopoldina a Imperatriz do Brasil
A arquiduquesa Leopoldina era filha do imperador da Áustria. Tinha uma inteligencia apurada e uma educação perfeita , ao contrário do marido D. Pedro I que tinha péssimos modos.
Chegou ao Rio de Janeiro em 1817, com vinte anos de idade.
Escreveu inúmeras cartas para sua família austríaca. Nessas cartas ficaram registradas suas alegrias, tristezas e principalmente a mágoa que sentia por ter sido traída e humilhada por D. Pedro I.
Existem vários documentos que apontam que D. Leopoldina era muito admirada e vista como intelectual, principalmente pelos intelectuais da época. Essa realidade causava desconforto a D. Pedro.
Engana-se quem acredita que o luxo que cercava a Imperatriz a fazia feliz. A solidão era companheira do seu dia-a-dia, principalmente depois que D. Pedro despediu todos os funcionários que D. Leopoldina havia trazido da Áustria.
Mas, nenhum sofrimento se compararia a dor que sentia diante das traições do marido. O Imperador tinha inúmeras amantes e vários filhos fora do casamento.
Uma das amantes se chamava Dona Domitila, para ela D. Pedro deu o título de Marquesa de Santos. Sua presença era constante palácio. Essa realidade causava grande indignação na corte carioca.
Vários acontecimento apontam que D. Leopoldina era demasiadamente maltratada e humilhada pelo marido.
Em um desses momentos teria Dom Pedro a obrigado a comparecer a cerimônia do beija-mão ao lado da amante Dona Domitila. Ela terminantemente se recusou, e foi espancada por ele na frente da amante.
Leopoldina, aos 29 anos faleceu devido a perda de uma gravidez que a levou a delirar. Na ocasião Dom Pedro estava no Rio Grande do sul.
A impressa e o povo carioca manifestavam revolta e tristeza pela morte da princesa. Fizeram várias procissões e vigílias visando o seu restabelecimento.
Após a morte de Dona Leopoldina, o povo se revoltou contra a Marquesa de Santos e Dom Pedro. Pediam que ele fosse afastado do trono e ameaçaram de morte a concubina. A polícia teve que proteger a casa de Domitila, pois havia a possibilidade do povo a linchar.
A maneira com que tratava a Imperatriz causou grande repúdio ao povo, e fortaleceu a sua impopularidade.
Hoje os restos mortais encontram-se no Monumento do Ipiranga, em são Paulo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Texto 5: Abolição como dádiva


"Libertação dos Escravos " ( 1889), de Pedro Américo.

Texto 5: Abolição como dádiva
"A Monarchia está mais popular do que nunca”. Assim, Joaquim Nabuco Nabuco descreveu os dias de júbilo que se seguiam ao 13 de maio de 1888.
A Lei Áurea era mesmo popular e conferia nova visibilidade à princesa Isabel e à monarquia. No entanto, politicamente, o Império tinha seus dias contados ao perder o apoio dos fazendeiros do Vale do Paraíba. Apesar do clima de euforia reinante, parecia ser o último ato do teatro imperial.
Mas, às vezes, o último é também o primeiro. Em meio a uma sociedade de marcas pessoais e de culto ao personalismo, a abolição foi entendida e absorvida como uma “dádiva”. Um belo presente que merecia, portanto, troco e devolução. Isabel converteu-se em a “Redentora”, e o ato transformou-se em mérito de “dono único”. Decadente e falida como sistema, a monarquia recuperava força no imaginário ao vincular-se ao ato mais popular do império. A “realeza mitificada”, quase mágica, senhora da justiça e da segurança.
Nos Jornais e nas imagens de época, Isabel passa a ser retratada como uma santa a redimir os escravos, que aparecem sempre descalços e ajoelhados, como a rezar e a abençoar a padroeira. Já a princesa surge de pé e ereta, contrastada com a posição curvada e humilde dos ex-escravos, que, parecem manter a sua situação - se não mais real, ao menos simbólica. Aos escravos recém-libertos só restaria a resposta servil e subserviente, reconhecedora do tamanho do “presente” recebido.
Estava inaugurada uma maneira complicada de lidar com a questão dos direitos civis. Sem a compreensão de que a abolição era resultado de um movimento coletivo, permanecíamos atados ao complicado jogo das relações pessoais, suas contraprestações e deveres: chave do personalismo e do próprio clientelismo. Nova versão para estruturas antigas em que as relações privadas se impõem sobre as esferas públicas de atuação.
Como se fôssemos avessos a qualquer associação com a violência, apenas produzimos hierarquias que, de tão assentadas, pareciam legitimadas pela própria natureza. Péssima lição de cidadania: a liberdade combinada com humildade e servidão, distante das noções de livre-arbítrio e de responsabilidade individual.

Lilia Schwarcz, antropóloga e historiadora ( USP)

Santa Missão


TEXTO 4: Santa missão

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Desde daquela época, a presença da companhia de Jesus foi objeto de polêmica. De um lado, um grupo de missionários que surgiu do fervor religioso da Europa Renascentista com o objetivo de espalhar uma fé genuína e renovada; do outro, os interesses de um projeto econômico.

Interesses políticos econômicos e religiosos se chocaram desde o início, o que pode ser visto nos ataques que Gabriel Soares, senhor de engenho na Bahia do séc. XVI, desferiu contra o trabalho missioneiros dos “soldados de Cristo”, ou nas constantes rusgas entre os inacianos e os paulistas caçadores de índios no séc. XVII.

Mas os Jesuítas se adaptaram ao mundo colonial. Ao longo de dois séculos, fundaram povoados, ergueram igrejas, criaram colégios e reuniram indígenas em missões. Propagaram nas terras coloniais, entre colonos e indígenas, uma concepção “ humanista” do homem e da sociedade, embora tenham, paradoxalmente, possuído escravos. A experiência acabou em 179, quando o ministro português Sebastião José de carvalho decidiu expulsar a ordem de Portugal e de suas colônias. Passados 250 anos, o tema ainda é controverso.

No decorrer da sua permanência os jesuítas acumularam, além do poder espiritual, um grande poder econômico que incomodava bastante a coroa e os colonos. Esse poder econômico vinha dos lucros obtidos com atividades econômicas como: plantações de cana, criações de gado, aluguéis de imóveis, doações de fiéis.

Eram tantas as propriedades que constantemente se envolviam em conflitos e litígios com donos de terrenos vizinhos, e, ao concentrar grande influência religiosa, política e econômica, a ordem angariou inimizades e passou a ser vista como uma ameaça pelos governantes locais. Tanto que o ato de sua expulsão alegava ter como objetivo preservar a autoridade real e a soberania do Estado Lusitano. Segundo a coroa, era uma ação em defesa da segurança da coletividade, para “conservar a tranquilidade e os interesses dos fiéis vassalos”. A lei que os mandou embora transferia para a coroa Muitas riquezas que estavam em seu poder.

Adaptação do texto de Paulo de Assunção: Revista Biblioteca Nacional