sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Santa Missão


TEXTO 4: Santa missão

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Desde daquela época, a presença da companhia de Jesus foi objeto de polêmica. De um lado, um grupo de missionários que surgiu do fervor religioso da Europa Renascentista com o objetivo de espalhar uma fé genuína e renovada; do outro, os interesses de um projeto econômico.

Interesses políticos econômicos e religiosos se chocaram desde o início, o que pode ser visto nos ataques que Gabriel Soares, senhor de engenho na Bahia do séc. XVI, desferiu contra o trabalho missioneiros dos “soldados de Cristo”, ou nas constantes rusgas entre os inacianos e os paulistas caçadores de índios no séc. XVII.

Mas os Jesuítas se adaptaram ao mundo colonial. Ao longo de dois séculos, fundaram povoados, ergueram igrejas, criaram colégios e reuniram indígenas em missões. Propagaram nas terras coloniais, entre colonos e indígenas, uma concepção “ humanista” do homem e da sociedade, embora tenham, paradoxalmente, possuído escravos. A experiência acabou em 179, quando o ministro português Sebastião José de carvalho decidiu expulsar a ordem de Portugal e de suas colônias. Passados 250 anos, o tema ainda é controverso.

No decorrer da sua permanência os jesuítas acumularam, além do poder espiritual, um grande poder econômico que incomodava bastante a coroa e os colonos. Esse poder econômico vinha dos lucros obtidos com atividades econômicas como: plantações de cana, criações de gado, aluguéis de imóveis, doações de fiéis.

Eram tantas as propriedades que constantemente se envolviam em conflitos e litígios com donos de terrenos vizinhos, e, ao concentrar grande influência religiosa, política e econômica, a ordem angariou inimizades e passou a ser vista como uma ameaça pelos governantes locais. Tanto que o ato de sua expulsão alegava ter como objetivo preservar a autoridade real e a soberania do Estado Lusitano. Segundo a coroa, era uma ação em defesa da segurança da coletividade, para “conservar a tranquilidade e os interesses dos fiéis vassalos”. A lei que os mandou embora transferia para a coroa Muitas riquezas que estavam em seu poder.

Adaptação do texto de Paulo de Assunção: Revista Biblioteca Nacional

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