sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Texto 17: Um Campo de Extermínio chamado Gaza

* Há alguns anos li esse artigo ( acho que foi em 2006). Até hoje ele me impressiona. E agora o partilho com vocês!
* A foto acima registrou a dor de um voluntário que ao resgatar uma criança, após um bombardeio, percebeu que ela estava morta. O voluntário palestino não segurou a dor e chorou.
Texto 17:Um campo de extermínio chamado Gaza

(...) Na quarta-feira passada, intensos bombardeios israelenses destruíram a única usina de força e luz da faixa de Gaza, onde vivem 1 milhão e 300 mil palestinos. Setecentos mil ficarão sem luz pelos próximos seis meses. Esses estão dentro de casa abanando-se com leques e jornais (a temperatura bate os 38 graus), olhando para suas geladeiras que não funcionam. Por outro lado não podem sair de casa por causa do intermitente bombardeio e possibilidade de invasão a qualquer hora.

A escuridão sufocante e as explosões em massa fazem tremer as cidades. O zunido dos mísseis estilhaçam milhares de vidraças, crianças correm para os braços das mães, velhos sofrem ataques cardíacos e mulheres abortam espontâneamente. Setecentas mil pessoas sem eletricidade, sem um rádio onde possam ouvir uma voz amiga lhes dizer: “Nós vamos socorrê-los”.

Os palestinos estão sem comida ou com comida podre. Sem leite e sem água. Muitos cozinham cereais em fogões a gás. Mas com as fronteiras fechadas, o que fazer quando o gás acabar? O suprimento de água em Gaza é feito eletricamente. Poderíamos chamar isso de terrorismo?
O aqueduto está contaminado pela água do mar e por impurezas provocadas pelas bombas. Para que essa água seja purificada, teria de ser tratada por máquinas elétricas. Claro, a água pode ser fervida, mas até quando? Beber água contaminada significa simplesmente cólera.

Se ocorrer uma epidemia, ela se alastrará como fogo em palheiro entre uma população sem espaço para se movimentar, com medo de se movimentar. Quando não existe água e luz, os hospitais são inúteis, são inúteis os médicos, as enfermeiras, os bons samaritanos.
“Os palestinos de Gaza não podem nem fugir”, explica a jornalista e cientista política Virgínia Tilley. Nenhum dos países vizinhos tem condições de absorver quase um milhão de pessoas pobres e desesperadas.

Logística e politicamente desestabilizariam o Egito. Não podem procurar ajuda e segurança com seus amigos e parentes, na margem ocidental do Jordão, pois é proibido sair da região de Gaza.Não podem nem passar pelo Egito para atingir a Jordânia porque Israel não permite a passagem de pessoas com carteiras de identidade de Gaza.

Israel já cometeu inúmeros crimes de guerra sem que nada acontecesse, desafiando abertamente a Convenção de Genebra. (...) Israel transformou a faixa de Gaza num campo de extermínio e o mundo discute futebol. Na escuridão, ninguém enxerga. É quando os ratos se aproximam para o banquete.

Fausto Wolff- Jornal do Brasil

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