quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Reforma agrária: impossível diálogo.

Terminei de ler o livro, Reforma agrária: impossível diálogo.

Partilho com vocês algumas conclusões.

Segundo o autor José de Souza Martins, quando chamamos os sem terras de excluídos não estamos favorecendo a mudança social, pois, o termo excluído pressupõe a legitimação da realidade.

Durkheim diz que o Estado através da força coercitiva molda a consciência coletiva da sociedade. E como no Brasil os partidos políticos, que de certa forma representam o Estado, possuem compromissos com as classes dominantes, a reforma agrária tende a não sair.

Muitos intelectuais alegam que a reforma agrária traria prejuízos para o desenvolvimento da economia capitalista brasileira. Eles representam a postura do Estado que prefere optar por projetos sociais do que por uma reforma profunda.

O brasileiro acredita que o Estado antecipa soluções dos problemas sociais, sendo assim, nega-se a participação dos indivíduos na construção de processos históricos que primam por melhorias, pois o Estado agirá primeiro, arrancando da sociedade todas as suas iniciativas.

Um dos grandes defeitos do MST é falar em nome da sua instituição, não em nome da classe pobre, que é a que está diretamente envolvida na questão, desta forma, se isolam e caem na anomia social.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Texto 21: Saga de Nascimento: O herói Brasileiro


A imagem do herói está presente no imaginário das sociedades. Jung chamava atenção para o fato de que os mitos e heróis encarnan padrões culturais. Será que na realidade brasileira está presente a crença de que nada muda ? Será que o nosso herói Capitão Nascimento reforça isso?
Leia e pense a respeito.

Filme 1

O nosso herói se chama Capitão Nascimento. Seu primeiro nome é Roberto, mas ninguém o reconhece assim. No filme número um, ele usava armas, colete e uma roupa preta com a caveira perfurada por uma faca. Ele liderava o grupo de policiais mais temidos dos morros cariocas.

Quando ele entrava em ação tocava aquela música: tropa de elite osso duro de roer pega um pega geral.... Ah ( suspiros) ! Temos um herói. Até os traficantes assistiram o filme e se reconheceram nos sacos plásticos e o tapas na cara, tão comum para eles !
A saga continua: “o inimigo agora é outro” .

Filme 2

O Capitão Nascimento voltou como Coronel. Tirou a roupa preta e colocou um terno, mas, continuou gato. Segundo ele, foi o “sistema” que o colocou como sub-secretário de segurança do Rio de Janeiro. Agora a culpa não é mais do bandido é do “sistema”.
Uma das características do “ sistema” são seus diversos tentáculos que levam a corrupção por onde passam.

Triste constatação: No primeiro filme Nascimento era herói, putz, no segundo ele é vítima. Perdeu a mulher para um maconheiro, que por sinal era seu inimigo, perdeu seu cargo na polícia, seu amigo e seu filho foi parar no CTI.

Que pena, o nosso herói não era herói como o Batman e Superman , esses no final sempre vencem. Ele merecia um final maneiro, nós também !

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Você sabia que o fotógrafo que tirou esta foto se matou ?

Eu estou depressivo(…) sem telefone(…) dinheiro para o aluguel(…) dinheiro para o sustento de criança(…) dinheiro para dívidas(…) dinheiro!(…) Eu estou sendo perseguido pela viva memória de matanças, cadáveres, cólera e dor(…) pela criança faminta ou ferida(…) pelos homens loucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policial, assassinos(…)
Trecho da carta de suicídio de Kevin Carter
Este trecho é de uma carta de suicídio do fotógrafo sul-africano Kevin Carter(1960-1994) ganhador do premio Pulitzer em 1994. Ele fotografou uma criança faminta, sem forças, rastejando para um campo de alimentação, há um quilômetro dali. Ao lado um urubu observa e espera a morte da criança para poder devorá-la, como se já soubesse apriori e esperasse a morte chegar. Carter observou durante vinte minutos, achando que o urubu fosse embora, como não foi, espantou-o e saiu rapidamente dali. Nesta atitude está todo o peso de seu sofrimento e suicídio. Ele se culpou por não tê-la salvo e refletiu sobre si mesmo naquela cena: “um homem ajustando suas lentes para tirar o melhor enquadramento de sofrimento dela, talvez também seja um predador, outro urubu na cena”.
Por que Carter não a salvou? O que ele pensava? Qual era sua preocupação? Com um pouco de reflexão podemos entender por que razão ele não a salvou. Todos nós, filhos da modernidade, somos espectadores de uma experiência empobrecedora que melhor se conceitua como guerra, fome, miséria, repressão e barbárie. No mundo moderno o mal se tornou comum, é parte da cena cotidiana. O mal se banalizou. Tornamo-nos insensíveis a desgraça alheia. Carter, como fotógrafo, acostumou-se a captar o cinéreo, o claustro e o frívolo em suas fotografias. Acostumou-se a experimentar o mal. Mas pagou um preço alto pela banalização do mal. Quando refletiu sobre a cena, sentiu náusea, culpa, remorso. Suicidou-se. Foi o preço que ele pagou por sua falta de piedade. Digo piedade, pois é por meio desse conceito que podemos entender Carter.
Michel de Souza Aires

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O passado morreria de inveja !

Brasília concentra um poder hoje que faria a coroa portuguesa se rasgar todinha de inveja !!!

Não custa lembrar que Tiradentes morreu por ser contra o Quinto ( imposto da época colonial que equivalia a 20 % do ouro encontrado).
Atualmente, pagamos cerca de 40% de tudo que produzimos, ou seja, nem mesmo o dobro de impostos e, sem falar do “mensalão”, gera revolta.

"A punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus." (Platão)"

“O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam.” (Arnold Toynbee)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Texto 20: Karl Marx e a crítica ao capitalismo

Karl Marx e a crítica ao capitalismo

Karl Marx (1818-1883), em virtude de suas concepções revolucionárias foi um dos homens mais odiado do séc. XIX. Suas idéias constituem-se em um dos pensamentos mais difíceis de ser explicado ou resumido, isso porque Marx escreveu vários livros e seu ideário se desdobra em várias correntes de pensamentos.

O livro O Capital é considerado sua obra-prima. Nele, Karl Marx explicar o funcionamento do capitalismo, antecipa sua evolução e faz críticas a essa doutrina econômica.
Segundo ele, para sobreviver o homem é obrigado a transformar a natureza para obter as coisas que precisa, como exemplo, ele produz alimentos e roupas. A partir desse ponto, Marx afirmava que qualquer estudo sobre a sociedade deveria começar na observação das relações sociais que se formam quando os homens utilizam os meios de produção. São essas relações sociais de produção que, para ele formam a base de toda a estrutura social.

Analisando a sociedade capitalista ele chegou à conclusão que ela se divide em dois grupos, trabalhadores e capitalistas. É nesta realidade socioeconômica que, para Marx, as desigualdades sociais nascem.
O pensador ilustra suas concepções explicando que na realidade capitalista, o capitalista compra a mão de obra do trabalhador e lhe paga um determinado salário. Muitas vezes, poucas horas de trabalho seria o suficiente para pagar-lhe o salário. Entretanto, o trabalhador se apossa das horas excedentes para obter altos lucros. O lucro obtido não retorna para o trabalhador, uma vez que o seu salário não aumenta se os lucros do capitalista aumentam. A esse valor excedente Marx chama de mais-Valia.

Analisando as relações sociais de produção, esse pensador ainda dizia que o conceito de classe social é um conceito histórico, pois as classes sociais mudam ao longo da história humana, de acordo com as circunstâncias sociais, econômicas e políticas. As classes são definidas por sua relação com a propriedade dos meios de produção e por sua posição no processo produtivo.
Outro ponto valorizado no pensamento Marxista é a existência da luta de classes, onde a classe em desvantagem tenta alcançar um patamar melhor (na atualidade podemos ver a luta de classe nos movimentos sem terra, greves etc.). Quando os conflitos entre as classes tornam-se insuportáveis, ocorre uma grande mudança social, modificando-se o modo de produção.
Sou doutrina propõe a derrubada da classe dominante ( burguesia) através de uma revolução do proletariado, e a criação de uma sociedade sem classes, onde os meios de produção passam a ser da coletividade.

Para validar seu pensamento Karl Marx cita o final do feudalismo, quando a burguesia derrubou a nobreza. A Revolução Francesa culminou essa mudança.

Diante das ideias marxistas podemos concluir que cada sociedade, sendo ela estamental, de casta ou capitalista possui classes dominantes que se apossam dos meios de produção. Essa realidade se impõe através de construções históricas, onde os indivíduos constroem a sua história, mas não da maneira que querem, pois existem, situações que conduzem o modo como ocorre a construção.

Karl Marx ainda lembra que o capitalismo cria uma ideologia que é passada de geração em geração, condicionando as classes para determinados caminhos; mas todas as classes possuem a capacidade de reagir e transformar a história.

Obs: Meios de produção é a junção da matéria prima com os instrumentos de trabalho, ou seja, ferramenta, máquinas, luz...

terça-feira, 23 de março de 2010

Texto 19: o socialismo de Marx

O socialismo de Marx

A Revolução industrial transformou a vida de milhões de pessoas, principalmente a dos artesãos que não conseguiram enfrentar a concorrência das fábricas ( isso sem falar dos cercamentos).

Enquanto, por exemplo, um artesão fabricava um par de sapatos por dia, a fábrica produzia duzentos. O preço dos produtos vindo das fábricas era bem menor.

Para não morrerem de fome milhares e milhares de artesãos foram trabalhar nas fábricas por um salário miserável. Na realidade industrial duas coisas cresciam: a riqueza da burguesia e a miséria do povo.

Neste contexto vários pensadores passaram a criticar o capitalismo. Um deles foi o socialista Karl Marx. Em 1848, juntamente com seu amigo Engels, escreveu o capital, neste livro ele fez profundas críticas ao capitalismo e defendeu o chamado socialismo científico, também conhecido com marxismo. Suas teorias de uma forma geral diziam que:
  • O capitalismo gera grandes injustiças sociais, pois no capitalismo ninguém é suficientemente rico, assim, o trabalhador será sempre explorado pelo capitalista. Esse nunca dividirá os lucros com os trabalhadores, sejam eles grandes ou não.

  • O capitalismo gera crises e nessas crises podem ocorrer uma revolta dos trabalhadores e a implantação do socialismo.

  • A sociedade socialista é igualitária. Todos os meios de produção ( matéria prima e instrumentos de trabalho) passam a ser do proletariado ( trabalhadores) e planejada por um Estado justo.

  • O objetivo da economia não é o lucro e sim o bem estar da população.

  • A burguesia produz um conjunto de ideias ( ideologia) que cegam o proletariado os deixando conformados. Com o fim do Estado burguês o povo torna-se mais consciente.

    Baseado nas ideias Marxistas, em 1917, ocorreu na Rússia a Revolução socialista, conhecida como Revolução Russa. Esse acontecimento daria origem a URSS e propagaria pelo mundo a fora as ideias socialistas através dos partidos comunistas.

sábado, 20 de março de 2010

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, usa um relógio, que custa US$ 165 mil.
Até que não é o mais caro se comparado a outro modelo da mesma marca, que custa US$ 2,7 milhões.
Pois é, esse relógio é para quem pode! O socialista Chávez, pode !

Não tenho nada contra quem tem dinheiro para comprar um relógio que custa o preço de um apartamento, desde que o tenha adquirido de forma honesta, entretanto, sou contra quem diz que é socialista e o tem. A isso chamo de hipocrisia.

Tem idiota que ainda leva a sério os discursos políticos sem ações comprobatórias.
Isso vale para muitos partidos que enquanto abraçam o discurso de justiça social, tiram dinheiro das escolas e de hospitais... através da corrupção.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Texto 18- A chapa esquentou: O Iluminismo chegou !


Iluminismo

Tranquilamente poderíamos chamar os anos entre os séculos XVIII e XIX de “Os anos chapa quente”. Neste período, para desespero das monarquias, vários acontecimentos abalaram a Europa e a América, inclusive o Brasil. Observe o que aconteceu nesta época:

* A independência dos Estados Unidos (1776)
* A Revolução Francesa (1789-1799)
* A Inconfidência Mineira (1789)
* Conjuração Baiana (1798)
* E vários países da América latina foram ficando independentes (no início do séc. XIX)...

Mas não parou por aí, este período foi acompanhado por um bando de ideias novas que propunham acabar com o poder da monarquia e da nobreza. Os indivíduos que defendiam tais ideias eram chamados de iluministas.

Os iluministas acreditavam que tinham como missão levar o esclarecimento a todos os setores da sociedade independente de classe social, pois, somente através da razão os homens alcançariam as luzes do saber, saindo então do mundo das trevas, onde a ignorância imperava.

Para eles, todos os governos tinham que primar pela liberdade e pela igualdade perante a lei, ao invés de se preocuparem com o luxo.

Acreditavam também, que a sociedade moldava os seus indivíduos para torná-los submissos a uma ordem econômica e hierárquica, inculcando-lhes superstições, medos, crenças e preconceitos. Para completar diziam que a Igreja acabava transformando os homens em meros fantoches dos poderosos.

O filosofo iluminista Jean Jacques Rousseau dizia que “o homem é bom por natureza, a sociedade é que o corrompe”.

Existia ainda, uma corrente de iluministas ligados à educação. Eram chamados de pedagogos esclarecidos (esclarecido e iluminista são a mesma coisa) . Eles afirmavam que seria através da escola que se mudaria o mundo, pois, se desde cedo, a escola educasse as crianças para viverem sem preconceitos, serem quietinhas e fraternais, o futuro seria bem melhor.

Os estudiosos ilustrados (os iluministas também são chamados de ilustrados) davam muito valor a ciência, acreditavam que através dela o homem comprovava as coisas pela razão.

Neste contexto cientificamente positivo, para desespero da Igreja, os iluministas começaram a explicar como funcionava o universo. Como exemplo, quando caia uma forte chuva e destruía as lavouras de uma aldeia, a igreja dizia que era castigo, enquanto, os cientistas diziam que era um fenômeno da natureza. Para eles, Deus criou o mundo com uma natureza que se movia através de leis própria.

Não precisamos nem falar que este modo de pensar motivou inúmeros avanços tecnológicos e científicos em vários campos como: astronomia, física, química, biologia, medicina...

Os principais pensadores Iluministas foram:

Barão de Montesquieu (1689-1755) _ Ele dizia que não existia um governo totalmente certo. Sua proposta mais conhecida foi a divisão dos poderes em três instâncias: poder legislativo, judiciário, executivo. Desta forma um poder fiscalizaria o outro.

Voltaire (1694-1778) Defendia a liberdade de todos os indivíduos. Dizia que o poder supremo dos Reis e da Igreja tinha que acabar.

John Locke (1632-1704) Dizia que um governo forte era necessário para defender a vida e a propriedade das pessoas, porém, este poder jamais poderia ser limitador e tinha que possuir um contrato com a população. Se o seu governo fosse bom ele poderia continuar no poder, mas, se ao contrário não fosse o povo poderia tirá-lo do poder.

Lourdes Belchior

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Texto 17: Um Campo de Extermínio chamado Gaza

* Há alguns anos li esse artigo ( acho que foi em 2006). Até hoje ele me impressiona. E agora o partilho com vocês!
* A foto acima registrou a dor de um voluntário que ao resgatar uma criança, após um bombardeio, percebeu que ela estava morta. O voluntário palestino não segurou a dor e chorou.
Texto 17:Um campo de extermínio chamado Gaza

(...) Na quarta-feira passada, intensos bombardeios israelenses destruíram a única usina de força e luz da faixa de Gaza, onde vivem 1 milhão e 300 mil palestinos. Setecentos mil ficarão sem luz pelos próximos seis meses. Esses estão dentro de casa abanando-se com leques e jornais (a temperatura bate os 38 graus), olhando para suas geladeiras que não funcionam. Por outro lado não podem sair de casa por causa do intermitente bombardeio e possibilidade de invasão a qualquer hora.

A escuridão sufocante e as explosões em massa fazem tremer as cidades. O zunido dos mísseis estilhaçam milhares de vidraças, crianças correm para os braços das mães, velhos sofrem ataques cardíacos e mulheres abortam espontâneamente. Setecentas mil pessoas sem eletricidade, sem um rádio onde possam ouvir uma voz amiga lhes dizer: “Nós vamos socorrê-los”.

Os palestinos estão sem comida ou com comida podre. Sem leite e sem água. Muitos cozinham cereais em fogões a gás. Mas com as fronteiras fechadas, o que fazer quando o gás acabar? O suprimento de água em Gaza é feito eletricamente. Poderíamos chamar isso de terrorismo?
O aqueduto está contaminado pela água do mar e por impurezas provocadas pelas bombas. Para que essa água seja purificada, teria de ser tratada por máquinas elétricas. Claro, a água pode ser fervida, mas até quando? Beber água contaminada significa simplesmente cólera.

Se ocorrer uma epidemia, ela se alastrará como fogo em palheiro entre uma população sem espaço para se movimentar, com medo de se movimentar. Quando não existe água e luz, os hospitais são inúteis, são inúteis os médicos, as enfermeiras, os bons samaritanos.
“Os palestinos de Gaza não podem nem fugir”, explica a jornalista e cientista política Virgínia Tilley. Nenhum dos países vizinhos tem condições de absorver quase um milhão de pessoas pobres e desesperadas.

Logística e politicamente desestabilizariam o Egito. Não podem procurar ajuda e segurança com seus amigos e parentes, na margem ocidental do Jordão, pois é proibido sair da região de Gaza.Não podem nem passar pelo Egito para atingir a Jordânia porque Israel não permite a passagem de pessoas com carteiras de identidade de Gaza.

Israel já cometeu inúmeros crimes de guerra sem que nada acontecesse, desafiando abertamente a Convenção de Genebra. (...) Israel transformou a faixa de Gaza num campo de extermínio e o mundo discute futebol. Na escuridão, ninguém enxerga. É quando os ratos se aproximam para o banquete.

Fausto Wolff- Jornal do Brasil

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Texto 15: Revolução de Avis


Revolução de Avis

Muitas pessoas se perguntam o motivo pelo qual Portugal tornou-se o pioneiro na expansão marítima, tendo-se em vista que ele era um país pobre, com estruturas feudais e uma burguesia que não era lá grandes coisas.

Existem vários motivos para tal pioneirismo, a maioria dos livros didáticos os apontam (boa localização geográfica, técnicas de navegação etc.), entretanto, o motivo que serviu de base para tal empreendimento foi a Revolução de Avis (1383-1385). Vamos ver como ela aconteceu?

A partir do séc.VIII os árabes começaram a dominar a Península Ibérica. A presença desses árabes na Europa transmitiu aos europeus importantes conhecimentos sobre a matemática, navegação, medicina e a filosofia entre outras coisas.
Apesar de tudo que aprenderam, os europeus viam os árabes como intrusos, e sonhavam com o dia em que fossem embora.

A medida que os árabes eram expulsos vários reinos, condados e feudos se expandiam. No ano de 1139, uma região da Península Ibérica conseguiu se libertar do domínio muçulmano. Após três anos essa região transformar-se-ia em Portugal (1142).
Todo esse processo de guerra contra os árabes promoveria a união entre a nobreza, a burguesia e os setores populares, centralizando o comando, o poder e fazendo crescer o sentimento de nação entre o povo.

Em 1383 o Rei de Portugal morreu. Espertamente, os nobres do reino de Castela ( que hoje podemos chamar de Espanha) tentaram anexar Portugal aos seus domínios. No passado Portugal, que se chamava Condado Portucalense, fazia parte do reino de Castela ( atual Espanha).

Para evitar tal união os portugueses se revoltaram e promoveram a Revolução de Avis, coroando D.João I, Rei de Portugal. Agora, Portugal já era um Estado, tinha um Rei, uma burguesia que bancava as viagens e já podia lançar-se ao mar, o que viesse era lucro, lucro só seu !
Lourdes Belchior

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Texto 14: Não guarde, jogue fora!

Texto 14

Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo mostrou que grande parte dos brasileiros - 87% - admite que há discriminação racial no país, mas apenas 4% da população se considera racista. Há racismo sem racistas? Onde você guarda o seu racismo? Não guarde, jogue fora!
***

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Texto 11: Em nome de Deus

Texto 11:Em nome de Deus
José Murilo de Carvalho

Foi muito diferente o papel exercido pela religião e pelas igrejas nos movimentos abolicionistas dos Estados Unidos e do Brasil.
O mais forte componente dos abolicionismos britânico e norte-americano foi justamente a convicção religiosa. Os quakers foram pioneiros na luta contra a escravidão na Grã-Bretanha. Esse grupo religioso puritano, conhecido como Sociedade dos Amigos, engajou-se na luta desde o final do século XVII. Apesar de não haver condenação da escravidão na Bíblia, eles decidiram que sua prática era incompatível com o princípio da igualdade de todos os homens perante Deus. Aliados a outros religiosos, organizaram-se em sociedades abolicionistas, mobilizaram a opinião pública e pressionaram o Parlamento para aprovar medidas contra a escravidão. Em 1807, esses militantes conseguiram sua primeira grande vitória quando o Parlamento decretou o fim do tráfico de escravos.
A atuação dos quakers estendeu-se aos Estados Unidos, onde a luta foi muito mais dura, pois lá a escravidão estava dentro do país. Mesmo assim, na década de 1830 já funcionavam várias sociedades abolicionistas, todas movidas por valores puritanos e organizadas por quakers, metodistas e batistas. A mais importante foi a American Anti-Slavery Society, criada em 1833. No Brasil, nem o pensamento abolicionista se baseou na religião, nem a Igreja Católica se empenhou na causa. Pelo contrário, padres e ordens religiosas eram coniventes e cúmplices da escravidão. A Bíblia, argumentava-se, não proibia a escravidão e, afinal, o que importava era a liberdade da alma livre do pecado, e não a liberdade civil. Além disso, padres eram empregados do Estado, cujos interesses tinham dificuldade em contrariar. Nosso abolicionismo baseou-se antes em razões políticas e humanistas.
Esse contraste ajuda a entender por que, nos Estados Unidos, a abolição foi seguida de forte ação a favor dos ex-escravos, sobretudo nos campos da educação, dos direitos políticos e do acesso à propriedade da terra. Entre nós, nada foi feito, nem pelo Estado, nem pela Igreja, nem pelos particulares.

José Murilo de Carvalho é professor titular da UFRJ e autor de Dom Pedro II: Ser ou não ser (São Paulo: Companhia das Letras, 2007).

Texto 10: Desta para melhor



Texto 10: Desta para melhor
Autor: Jackon Ferreira

Em 25 de março de 1854, o subdelegado da freguesia de Santo Antônio, na cidade de Salvador, prendeu o escravo Luiz, fugido do poder de seu senhor, Antonio Montinho, morador da cidade de Santo Amaro. Motivo: o senhor não queria atender ao pedido do escravo para que o vendesse, pois não queria mais servi-lo. Com o fracasso da fuga, Luiz ameaçou enforcar-se caso tivesse que voltar para o domínio do seu dono. O subdelegado resolveu então mandá-lo para a Casa de Correção enquanto esperava Antonio Montinho decidir se o vendia ou não.
Dez anos depois, a africana Camila, 30 anos, escrava dos também africanos Domingos e Guilhermina, moradores na freguesia do Pilar, em Salvador, tentou se afogar com seu filho Marcos, de apenas cinco meses, no Dique do Tororó. Salvos por pessoas que passavam pelo local, foram conduzidos à presença do subdelegado da freguesia, a quem Camila revelou que desejava se livrar dos maus-tratos dos seus senhores e dos serviços que exigiam que realizasse sem que ela tivesse condições de atendê-los. Chamado à delegacia, Domingos foi aconselhado a vender mãe e filho. O medo de perder o patrimônio foi decisivo para que os senhores os pusessem à venda.
Documentos encontrados nos arquivos de Salvador demonstram que Luiz e Camila não foram os únicos escravos a ameaçar pôr fim à vida ou mesmo de tentar o suicídio como meio de obter melhores condições de existência dentro ou fora do cativeiro. Foram localizados 231 casos de suicídios consumados ou de tentativas, sendo 167 de escravos e 64 de escravas, entre 1850 e 1888. Em 158 deles foi possível saber a origem das vítimas – 97 africanos e 61 escravos crioulos, isto é, nascidos no Brasil. Para se ter uma idéia, na década de 1850 os africanos representavam 67% do total de escravos suicidas. O que não causa admiração, pois, além de constituírem ainda uma parcela bastante significativa da escravaria baiana naqueles anos, a violência do tráfico agora interprovincial talvez contribuísse para seu desespero.
O suicídio era um ato de resistência individual que pode ser compreendido tanto como expressão de um conflito quanto de uma negociação entre senhores e escravos. Entre estes dois pólos, os escravos se colocaram como indivíduos tentando conduzir a própria vida em meio a condições adversas. Muitos casos demonstram que o ato só era praticado como último recurso para forçar o atendimento dos desejos ou como alternativa para escapar definitivamente da escravidão.


Fonte Revista História Biblioteca Nacional: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=491

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Texto 7:Amor ingrato

Texto 7: Amor ingrato

Francisca amava josé. Mas havia um problema: José, nascido em Cabo Verde, era escravo em Minas Gerais.
Francisca, ex-escrava e proprietária de alguns imóveis em Mariana, comprou a liberdade do seu amado, e eles se casaram. Mas, infelizmente não viveram felizes para sempre.
José usou o dinheiro das rendas de Francisca para comprar uma escrava, a africana Maria, e a transformou em sua amante.
E não parou por aí: passou a maltratar sua esposa e a usar a amásia para ameaça-la, até que ela precisou sair de casa.
Francisca que já havia superado as agruras da escravidão e conseguido numa vida relativamente confortável, não aceitou a situação com facilidade.
Ela recorreu a justiça em 1772, pagando um advogado para processar o marido ingrato e o capitão-mor da região, uma espécie de delegado de polícia , que dava cobertura a José.
O desfecho do caso ninguém sabe, ninguém viu. Mas fica a prova de que a ingratidão e a injustiça não eram aceitas passivamente pelas mulheres da colônia.

Em Crimes e escravos na Capitania de Todos os Negros, de Liana Maria Reis.

Texto 6:Leopoldina a Imperatriz do Brasil



Texto 6: Leopoldina a Imperatriz do Brasil
A arquiduquesa Leopoldina era filha do imperador da Áustria. Tinha uma inteligencia apurada e uma educação perfeita , ao contrário do marido D. Pedro I que tinha péssimos modos.
Chegou ao Rio de Janeiro em 1817, com vinte anos de idade.
Escreveu inúmeras cartas para sua família austríaca. Nessas cartas ficaram registradas suas alegrias, tristezas e principalmente a mágoa que sentia por ter sido traída e humilhada por D. Pedro I.
Existem vários documentos que apontam que D. Leopoldina era muito admirada e vista como intelectual, principalmente pelos intelectuais da época. Essa realidade causava desconforto a D. Pedro.
Engana-se quem acredita que o luxo que cercava a Imperatriz a fazia feliz. A solidão era companheira do seu dia-a-dia, principalmente depois que D. Pedro despediu todos os funcionários que D. Leopoldina havia trazido da Áustria.
Mas, nenhum sofrimento se compararia a dor que sentia diante das traições do marido. O Imperador tinha inúmeras amantes e vários filhos fora do casamento.
Uma das amantes se chamava Dona Domitila, para ela D. Pedro deu o título de Marquesa de Santos. Sua presença era constante palácio. Essa realidade causava grande indignação na corte carioca.
Vários acontecimento apontam que D. Leopoldina era demasiadamente maltratada e humilhada pelo marido.
Em um desses momentos teria Dom Pedro a obrigado a comparecer a cerimônia do beija-mão ao lado da amante Dona Domitila. Ela terminantemente se recusou, e foi espancada por ele na frente da amante.
Leopoldina, aos 29 anos faleceu devido a perda de uma gravidez que a levou a delirar. Na ocasião Dom Pedro estava no Rio Grande do sul.
A impressa e o povo carioca manifestavam revolta e tristeza pela morte da princesa. Fizeram várias procissões e vigílias visando o seu restabelecimento.
Após a morte de Dona Leopoldina, o povo se revoltou contra a Marquesa de Santos e Dom Pedro. Pediam que ele fosse afastado do trono e ameaçaram de morte a concubina. A polícia teve que proteger a casa de Domitila, pois havia a possibilidade do povo a linchar.
A maneira com que tratava a Imperatriz causou grande repúdio ao povo, e fortaleceu a sua impopularidade.
Hoje os restos mortais encontram-se no Monumento do Ipiranga, em são Paulo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Texto 5: Abolição como dádiva


"Libertação dos Escravos " ( 1889), de Pedro Américo.

Texto 5: Abolição como dádiva
"A Monarchia está mais popular do que nunca”. Assim, Joaquim Nabuco Nabuco descreveu os dias de júbilo que se seguiam ao 13 de maio de 1888.
A Lei Áurea era mesmo popular e conferia nova visibilidade à princesa Isabel e à monarquia. No entanto, politicamente, o Império tinha seus dias contados ao perder o apoio dos fazendeiros do Vale do Paraíba. Apesar do clima de euforia reinante, parecia ser o último ato do teatro imperial.
Mas, às vezes, o último é também o primeiro. Em meio a uma sociedade de marcas pessoais e de culto ao personalismo, a abolição foi entendida e absorvida como uma “dádiva”. Um belo presente que merecia, portanto, troco e devolução. Isabel converteu-se em a “Redentora”, e o ato transformou-se em mérito de “dono único”. Decadente e falida como sistema, a monarquia recuperava força no imaginário ao vincular-se ao ato mais popular do império. A “realeza mitificada”, quase mágica, senhora da justiça e da segurança.
Nos Jornais e nas imagens de época, Isabel passa a ser retratada como uma santa a redimir os escravos, que aparecem sempre descalços e ajoelhados, como a rezar e a abençoar a padroeira. Já a princesa surge de pé e ereta, contrastada com a posição curvada e humilde dos ex-escravos, que, parecem manter a sua situação - se não mais real, ao menos simbólica. Aos escravos recém-libertos só restaria a resposta servil e subserviente, reconhecedora do tamanho do “presente” recebido.
Estava inaugurada uma maneira complicada de lidar com a questão dos direitos civis. Sem a compreensão de que a abolição era resultado de um movimento coletivo, permanecíamos atados ao complicado jogo das relações pessoais, suas contraprestações e deveres: chave do personalismo e do próprio clientelismo. Nova versão para estruturas antigas em que as relações privadas se impõem sobre as esferas públicas de atuação.
Como se fôssemos avessos a qualquer associação com a violência, apenas produzimos hierarquias que, de tão assentadas, pareciam legitimadas pela própria natureza. Péssima lição de cidadania: a liberdade combinada com humildade e servidão, distante das noções de livre-arbítrio e de responsabilidade individual.

Lilia Schwarcz, antropóloga e historiadora ( USP)

Santa Missão


TEXTO 4: Santa missão

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Desde daquela época, a presença da companhia de Jesus foi objeto de polêmica. De um lado, um grupo de missionários que surgiu do fervor religioso da Europa Renascentista com o objetivo de espalhar uma fé genuína e renovada; do outro, os interesses de um projeto econômico.

Interesses políticos econômicos e religiosos se chocaram desde o início, o que pode ser visto nos ataques que Gabriel Soares, senhor de engenho na Bahia do séc. XVI, desferiu contra o trabalho missioneiros dos “soldados de Cristo”, ou nas constantes rusgas entre os inacianos e os paulistas caçadores de índios no séc. XVII.

Mas os Jesuítas se adaptaram ao mundo colonial. Ao longo de dois séculos, fundaram povoados, ergueram igrejas, criaram colégios e reuniram indígenas em missões. Propagaram nas terras coloniais, entre colonos e indígenas, uma concepção “ humanista” do homem e da sociedade, embora tenham, paradoxalmente, possuído escravos. A experiência acabou em 179, quando o ministro português Sebastião José de carvalho decidiu expulsar a ordem de Portugal e de suas colônias. Passados 250 anos, o tema ainda é controverso.

No decorrer da sua permanência os jesuítas acumularam, além do poder espiritual, um grande poder econômico que incomodava bastante a coroa e os colonos. Esse poder econômico vinha dos lucros obtidos com atividades econômicas como: plantações de cana, criações de gado, aluguéis de imóveis, doações de fiéis.

Eram tantas as propriedades que constantemente se envolviam em conflitos e litígios com donos de terrenos vizinhos, e, ao concentrar grande influência religiosa, política e econômica, a ordem angariou inimizades e passou a ser vista como uma ameaça pelos governantes locais. Tanto que o ato de sua expulsão alegava ter como objetivo preservar a autoridade real e a soberania do Estado Lusitano. Segundo a coroa, era uma ação em defesa da segurança da coletividade, para “conservar a tranquilidade e os interesses dos fiéis vassalos”. A lei que os mandou embora transferia para a coroa Muitas riquezas que estavam em seu poder.

Adaptação do texto de Paulo de Assunção: Revista Biblioteca Nacional