quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Amor franciscano

Quem poderia imaginar que um homem que viveu há mais de 800 anos viesse a ser referência fundamental para todos aqueles que procuram um novo acordo com a natureza e que sonham com uma confraternização universal? Este é Francisco de Assis (+1226), proclamado patrono da ecologia. Nele encontramos valores que perdemos como o encantamento face ao esplendor da natureza, a reverência diante de cada ser, a cortesia para com cada pessoa e o sentimento de irmandade com cada ser da criação, com o sol e a lua, com o lobo feroz e o hanseniano que ele abraça enternecido.

Francisco realizou uma síntese feliz entre a ecologia exterior (meio ambiente) e a ecologia interior (pacificação interior) a ponto de se transformar no arquétipo de um humanismo terno e fraterno, capaz de acolher todas as diferenças. Como asseverou Hermann Hesse: "Francisco casou em seu coração o céu com a terra e inflamou com a brasa da vida eterna nosso mundo terreno e mortal". A humanidade pode se orgulhar de ter produzido semelhante figura histórica e universal. Ele é o novo, nós somos o velho.

O fascínio que exerceu desde seu tempo até os dias de hoje se deve ao resgate que fez dos direitos do coração, à centralidade que conferiu ao sentimento e à ternura que introduziu nas relações humanas e cósmicas. Nele as pessoas não comparecem como "filhos e filhas da necessidade, mas como filhos e filhas da alegria" (G. Bachelard). Aqui se encontra a relevância inegável do modo de ser do Poverello de Assis para o espírito ecológico de nosso tempo, carente de encantamento e de magia.

Escrito por Leonardo Boff

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Educação X igualdade

Li na Fórum, que O Estado gasta cerca de dois mil reais por ano na educação de cada criança matriculada. Enquanto isso, as crianças que nasceram em famílias abastadas gastam, somando cursinho de inglês, material didático, aulas particulares, esporte, passeios culturais, algo em torno de vinte cinco mil reais por ano com a educação.


Os governos precisam perceber que desigualdade educacional, quando combinada a desigualdade econômica, cria um abismo rumo à sociedade mais justa. Oferecer uma educação de má qualidade aos desfavorecidos, significa aumentar ainda mais a desigualdade econômica em nosso país.


Os programas chamados, pelos que não precisam, de assistencialistas, como o Bolsa Família, mesmo sendo um meio de distribuição de renda, tem efeito paliativo, pois não promove uma mudança significativa na pirâmide social. Para tal, temos que utilizar mecanismos mais consistentes, que viabilizassem a ascensão dos indivíduos. A educação de qualidade seria um desses mecanismos.


Colocar crianças na sala de aula por colocar, não promove mudanças sociais, apenas aumentam as estatísticas e as verbas recebidas pelos estados e prefeituras. Essas crianças e jovens não competirão em pé de igualdade. Muitas sairão do Ensino Fundamental sem saber interpretar um texto simples ou até mesmo escrever corretamente. No dia a dia se sentirão inseguros no traquejo profissional e tudo contribuirá para que sigam a profissão dos pais, ou seja, reproduzirão a mesma realidade social de seus familiares.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O misterioso Monte Roraima

Sempre abraçado pelas nuvens, o imponente e misterioso Monte Roraima,  uma rocha em forma de altar ( mesa) , toca três grandes nações: o Brasil, a Venezuela e a Guiana. Vários estudiosos afirmam que suas rochas  abrigam segredos da evolução do nosso planeta.   

Os ameríndios acreditavam que a grande rocha na realidade era uma imensa mesa de pedra, e, em volta dela os deuses  se encontravam e decidiam o destino de seus povos.
Por isso, os índios temiam aquela rocha, acreditavam que ao redor dela suas vidas poderiam vir a ser negociadas. 
Costuma-se dizer que os índios da América tinham razão, pois, um dia, os deuses entregaram a vida de cada um deles aos homens brancos que vieram do mar em busca de ouro e poder.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Carta testamento de Getúlio Vargas.

A pedido de um aluno, permito-me dizer, getulista por natureza, partilho um dos documentos mais marcantes da história do Brasil Republicano, a carta escrita por Getúlio momentos antes do seu suicídio.
“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes (...)


Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue(...)Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta.

Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate(...)

Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Governo do Rio de Janeiro X Greve dos Bombeiros.

Diante de um momento de crise o governador desqualifica seus servidores. Há pouco tempo atrás nossos bombeiros eram heróis, agora são delinquentes, nas palavras do governador.

Esse fato me lembra a Revolta de Chibata de 1910, quando um jovem marinheiro desagradou seu superior e recebeu como castigo 250 chibatadas. Seu nome era Marcelino Rodrigues.

Vários marinheiros foram obrigados, pelos seus superiores, a assistirem aquele momento de dor e humilhação. Conta-se que era possível ver partes da pele do soldado pelo chão, tamanha foi a violência.

Naquele momento, uma revolta surgia no coração de cada marinheiro que sentia parte da dor do companheiro. A dor coletiva externou-se, e explodiu, gerando a famosa Revolta da Chibata.

Na ocasião, vários marinheiros tomaram o controle de alguns navios e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, em especial o Palácio da Presidência. O líder do movimento era João Cândido. Todos reivindicavam o fim dos castigos físicos.

O conflito se tornou luta armada, e após várias mortes a reivindicação foi atendida. Os marinheiros não mais seriam açiotados após aquela data.

Nenhum beneficio, em história, passa pela porta da frente. Os que reivindicam são chamados de vândalos, insubordinados e bandidos. A história depois redime.

Atualmente, a Revolta da Chibata é uma das histórias contadas em sala de aula. Tenho certeza que a invasão do quartel já está sendo também.
É das “lutas” entre os que mandam  e os que vendem a sua força de trabalho, que saem as vitórias.

Proponho que todo político tenha seu salário nivelado pelo piso salarial dos bombeiros e policiais. O que você acha ?
Por fim digo que, nós cariocas, amamos nossos bombeiros. Os chamamos para tirar gato de árvores, suicidas de prédios e vítima de acidentes. Não conheço ninguém que tenha chamado um governador ou outro político qualquer.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Xerazade e o poder da palavra ...

Senti vontade de postar a história mais bela que conheço, logicamente, dei a ela o meu toque. Acredito que a história de Xerazade fala do poder que a palavra tem sobre a mente humana. Através da palavra pode-se começar uma guerra ou terminá-la, pode-se acalmar as feras... Então, antes de falar algo pense, se suas palavras abrirão ou fecharão portas.

Partilho agora com vocês, As mil e uma Noites...

Em um reino distante existia um sultão. Devido a uma injustiça sofrida, ele se tornou uma pessoa amarga, o mal cresceu dentro dele.
Todos da cidade o temiam.
Até que apareceu uma mocinha chamada Xerazade.
Xerazade quis ajudá-lo.
Ela sabia que doces e belas palavras poderiam curar a mágoa  e apunhalaria o mal que existia em sua alma.
Então, sabendo disso, todos os dias ela lhe contava
uma história, um conto ou um poema...
E, quando o sultão começava a sentir algum sentimento ruim,
ela usava as palavras...
Suas meigas e delicadas palavras, suavemente como música, mudavam o seu modo de agir e pensar.
E, devagarzinho, ele ia se tornando uma pessoa melhor...
Após mil e uma noites a ternura e a beleza contida nas palavras de Xerazade venceu o mal. O sultão ficou curado, a cidade se alegrou.











Bagdá terra das mil e uma mortes. A ternura precisa vencer.

sábado, 21 de maio de 2011

Para alguns "socialistas" da nossa época.

Li uma entrevista antiga de Oscar Niemeyer. Nela ele diz ser socialista. Não entendi nada !? Como um homem que fez fortuna com governos capitalistas, e, pelo que me consta, nunca doou parte dela para os pobres, se diz socialista? Na prática, ele é um capitalista, não um socialista. Isso também vale para Chico Buarque que espanta os pobres dos seus shows através do preço dos ingressos.

O multimilionário Bill Gates já doou vários bilhões à caridade, e, não saiu por aí fazendo discurso de bom moço e usando uma ideologia que não concorda para atrair aplausos. Ivo Pitanguy, também é um exemplo de profissional capitalista bem sucedido. Ele e sua equipe realizam operações gratuitamente em um hospital no Rio. Pelo que me consta, Pitanguy atende mendigos e príncipes da mesma forma.

Roberto Campos, certa vez afirmou ser engraçada a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar - bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola...

Sendo assim, ‘socialista’ é o cara que chama atenção para as intenções e não busca resultados, adora posar de bom moço, mas não coloca a mão no bolso, prega a igualdade social, mas quer os pobres bem longe.

domingo, 8 de maio de 2011

O Rio é assim ?


Assisti Rio e fiquei perplexa com o grande número de estereótipos e de falsas representações sociais presentes no filme. Na verdade, dizer que existe sociedade sem estereótipos é uma mentira, porém, o que incomoda são as imagens que fomos vinculados.

Na trama tem samba e crimes para dar e vender. Em uma de suas cenas, um vigia abandona o seu trabalho para ir sambar. Neste momento um crime acontece, deixando transparecer que o samba exerce um poder inebriante sobre nós.

Na história tem favela com direito a micos ladrões, uma moto de origem duvidosa e traficantes... de aves. As piores coisas se passam na favela ou de lá foram arquitetadas. E, para piorar a situação, a sociedade é pintada como um conjunto de mulatas assanhadas, gostosas da praia, filhinho de papai drogado, sambista malandro e outras coisinhas mais... Personagens recorrentes na nossa filmografia.

O filme é uma produção americana, portanto, ao se denegrir o país alheio torna-se fácil angariar simpatia e se manter como modelo cultural dominante.

Face a isso, os filmes Hollywoodianos fortalecem, a cada dia mais, determinados estereótipos: russo espião e assassino, mexicano bebedor de tequila, grego pescador e italiano mafioso.

Mas, o maior problema não está propriamente no clichê dos personagens e sim no preconceito que daí advém. Quem não conhece o Rio de Janeiro, após assistir o filme, mesmo sem querer, acaba rotulando os cariocas e, principalmente, os moradores das favelas. E essa rotulação às vezes escapa do controle racional. Lamentavelmente, o filme tem recorte infantil, portanto, várias crianças captaram essas distorções e as reproduzirão em meio social.

Atualmente, a Rocinha, possui cerca de 70 mil habitantes, será que todos são como os retratados no filme?

sábado, 30 de abril de 2011

Para quem esquece rapidamente o que leu ...

*Grife as palavras mais importantes e as frases que expressem a idéia principal do parágrafo.
*Faça perguntas ao texto e busque respondê-las com base nele ( isso dá ótimos resultados na hora de estudar para uma prova).
*Leia, e logo após repita, se preferir, finja estar contando para alguém o que você leu. !
*A memória adora associar informações a imagens. Por isso, crie uma história em seu pensamento, com aquilo que está lendo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Para o Deputado Jair Bolsonaro

Um dia minha filha Gisele, que na época devia ter 5 anos, encostou o dedinho na língua e com ele molhado de saliva passou na perna de uma amiguinha negra. Ela queria descobrir se a cor daquela pele grudaria em seu dedo.
Aquela atitude estava longe de ser preconceituosa, ela só estava curiosa diante do diferente. Ela passou o dedinho e como não viu nada de mais voltou a brincar com a amiguinha, pois a cor daquela pele não significava nada.
Preconceito e fascismo são faces da mesma moeda. Se o “nobre” deputado fosse contemporâneo ao  Hitler, com certeza seria um dos asquerosos que o seguia.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Como defensora do sistema de cotas nas universidades públicas, tomo emprestado o texto de Edson Borges.

“ Imagine dois corredores, um amarrado e outro solto.É claro que o corredor solto ganha sempre. Mas, um dia a plateia dessa competição imaginária chega a conclusão de que essa situação é injusta.

À custa de muita pressão, consegue-se convencer os organizadores a cortarem as cordas que prendiam um dos corredores.

Só que ele continua perdendo. Motivo: seus músculos estão atrofiados pela falta de treinamento. Se tudo continuar como está, a tendência é que ele perca sempre.

O que fazer para promover a igualdade de condições entre dois corredores ? Alguns sugerem que se dê um treinamento especial ao corredor que está amarrado. Pelo menos durante algum tempo.

Outros defendem um medida mais radical: por que não lhe dar uma vantagem de dez metros em cada corrida ?Logo se ouvem vozes denunciando que isso é discriminação. Mas há quem defenda: discriminação sim, mas positiva porque visa promover a igualdade, pois, tratar igualmente é perpetuar a desigualdade.

Essa história ilustra muito bem o conceito de " ação afirmativa” e o que o tema desperta na sociedade. Podemos dizer que os negros, as mulheres e outros grupos discriminados são como corredores amarrados: por vezes estiveram presos pelas cordas do racismo e da discriminação, por vezes traduzidos até em leis. Mesmo depois de soltos continuam a perdendo. Isso porque a discriminação, mesmo que ilegal, prossegue funcionando de forma disfarçada. No caso dos negros, há também a desvantagem histórica...”

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A cãibra que mata ( texto 24).

Você sabia que um cortador de cana ganha R$ 2,50 a R$ 3,00 por tonelada de cana cortada ?


Enquanto os preços dos combustíveis sobem, usineiros enriquecem e consumidores reclamam. Todos estão pensando no seu bolso, entretanto, ninguém se preocupa com o alicerce dessa pirâmide: o cortador de cana.

Esse trabalhador fica desempregado boa parte do ano e se mata de trabalhar de abril a novembro ( meses da safra), recebendo de R$ 2,50 a R$ 3,00 por tonelada de cana cortada. E, como se não bastasse, ainda paga o transporte, a pensão e a comida.

Alguns cortadores não aguentam a carga de trabalho e morrem. Os médicos dão vários diagnósticos, porém, os cortadores têm o seu próprio: “morte de cãibra”. Mas, o que vem a ser morte por cãibra?
Para entender esse tipo de morte é preciso primeiro explicar a realidade desses trabalhadores.

Nos anos 90 o número de máquinas colheitadeiras aumentou consideravelmente. Essas máquinas substituem o trabalho do cortador. Os fazendeiros, ávidos por lucros, estipularam metas para seus trabalhadores, como 12 toneladas de cana por dia. Se a meta não for alcançada eles mandam todo mundo embora e compram uma colheitadeira.

Para não perder o trabalho e ver a sua família morrer de fome, o cortador trabalha exaustivamente. Ai entra a cãibra. Ela começa nos braços, e segue pelas pernas e, enfim, ao corpo todo. Na verdade, ele morre de estafa.

É preciso gritar com eles. Divulgue essa injustiça!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Na moda ou não, o uso de piercings tem seu preço. A pessoa que o coloca corre o risco de ficar deformada, de contrair uma infecção e de ficar com cicatrizes indesejáveis.

Esta semana recebi um e-mail do CEM, escola que trabalho, com várias imagens que envolvem jovens que colocaram piercing. Partilho agora com vocês !




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Se eles não praticam a " igualdade cultural" como defendem a "igualdade material" ?


Durante parte da minha adolescência, eu e mais um bando de jovens, vimos a ditadura acabar e por isso achávamos que o Brasil seria um país mais justo.
Somente o discurso da esquerda, que tinha uma moldura socialista, oferecia acalento para os nossos sonhos. Sentíamos admiração por qualquer político que sonhasse o nosso sonho.

Hoje me sinto uma tola, principalmente quando vejo Lula, que se dizia da esquerda, que abraçava um discurso socialista, ganhar 200 mil reais para falar no dia Mundial de Luta contra a Aids.
Na verdade ele admira o socialismo de Fidel Castro, algumas frases de Marx, mas, também adora uma coisa que só o capitalismo sabe dar: bons cachês !

Isso vale para muitos artistas que dizem ser da esquerda, culpam a burguesia pelos males do mundo, mas que na verdade fazem parte dela.
Só para ilustrar, um convite do show de Chico Buarque, por exemplo, custava em 2007 de R$ 120 até R$ 400 ! Seus fãs da ala proletária não foram, pois não tinham dinheiro para tal.

Se eles não praticam a " igualdade cultural" como defendem a "igualdade material" ?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Tema 23 " Heróis fabricados. ”

Há alguns anos atrás houve uma pesquisa onde a pergunta era: Quem é o maior herói brasileiro? O resultado da pesquisa deu vitória folgada para Ayrton Senna.

 Pelo que me consta, Senna foi um homem bom, entretanto não teve seu nome atrelado a nenhum movimento de luta por direitos, nem denunciava a miséria e as injustiças sociais que assolam o país. Mas, por outro lado, se aguerrido fosse, não seria ele aclamado pela mídia e considerado herói pelos brasileiros.

Infelizmente, o povo brasileiro não valoriza grandes feitos. Ninguém citou na pesquisa o nome do Capitão pára-quedista da Aeronáutica Sérgio Macaco, que, desobedeceu a ordem de seu superior, durante a ditadura militar, para explodir o gasômetro no Rio de Janeiro, com o intuito de culpar os comunistas. A atitude do Capitão Sérgio Macaco impediu que milhares de pessoas morressem. Por essa atitude, ele foi preso e morreu no esquecimento.

Capitão Sérgio Macaco
Os heróis produzidos pela mídia só são heróis enquanto não ferirem os interesses da elite. Ronaldinhos, xuxas e um monte de artistas, se vierem a defender questões como a reforma agrária, reforma tributária, educacional, conhecerão cólera dos poderosos. Por isso preferem apenas cantar, jogar bola ou dançar.

Lamentavelmente no Brasil os “heróis são fabricados.”

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Quantas lágrimas e doenças psíquicas o bullying já provocou. Sobre esse tema partilho com vocês o texto de Rubem Alves para futura reflexão.

Texto 22:
Costumava caminhar num jardim que terminava em frente a uma escola. Observava meninos e meninas que iam juntos, bonitos, esbanjando alegria. Mas havia uma menina muito gorda que caminhava sempre só. Nunca vi um gesto dos alegres e bonitos convidando-a a juntar-se ao grupo. E ela nem tentava. Havia outra, magra, alta, sem seios, rosto coberto de espinhas, encurvada como se quisesse esconder-se dentro de si.


Ficava pensando que havia nelas uma mocinha que desejava ser amada. O que pensavam quando iam para a cama? Certamente choravam. Mas essas percepções não passavam pela cabeça dos outros.

No Ginásio era assim também. Os bonitos se juntavam. Os feios eram deixados de lado. Um incidente ocorrido há 60 anos continua vívido na minha cabeça. Era uma moça feia, desengonçada, magra. Jamais a vi conversando com um menino ou sorrindo. Entrava na sala e ia para sua carteira, encostada na parede. Um dia, chegou atrasada, a turma já assentada. Não havia jeito de se esconder, desfilou diante de todos. E foi então que um colega deu um daqueles assobios… A classe estourou na gargalhada. Ela continuou a caminhar, as lágrimas escorrendo.

Tive vontade de berrar, um grito de ódio, mas nada fiz. Porque também era fraco e feio e ridículo. Ela é a única colega cujo nome não me esqueci. Suas iniciais eram I.K. Eu era novo no Rio de Janeiro, vindo do interior de Minas, onde ir à escola de sapato era um luxo. Fui ao colégio no primeiro dia de aula com sapato sem meia. Todos riram. No dia seguinte, fui de meia. Não adiantou. Riram-se do meu sotaque caipira. Tornei-me vítima dos valentões. Apanhei muito em silêncio porque não sabia me defender. Não tinha a quem apelar. Acontecia na rua, fora do olhar dos professores. Meus pais não saberiam o que fazer. Minha mãe me daria o único conselho que sabia dar: “Quando um não quer dois não brigam”. É verdade, quando um não quer, um bate e o outro apanha.

Uma pessoa querida me disse que tenho raiva das mulheres. Fico a pensar se essa raiva não tem raízes na minha mãe, que só me ensinava a não reagir, que desejava que eu fosse fraco e não enfrentasse a luta. A pancada que mais doeu foi dada por um colega que se dizia filho de governador, rico, arrogante, ouro nos dentes. Sem motivo, na hora do recreio veio até mim e disse: “Você é ridículo…”

Essas experiências não podem ser esquecidas. A gente faz força para não as revelar, por vergonha. Durante toda a vida, foram um segredo só meu. Nunca as contei nem para os amigos mais íntimos. É a primeira vez que as revelo.

Fui me enchendo de vergonha e de humilhação. Daí nasce o ódio. À medida que crescia e me tornava adulto, esses sentimentos criaram em mim um lado que não suporta a injustiça dos fortes contra os fracos. O que me leva, por vezes, a fazer coisas imprudentes a favor dos fracos, mesmo com risco de ser agredido.

Mas há algo que me magoa. É como se a minha pele de ternura, de voz baixa, de poesia, que deseja proteger as coisas fracas, morasse no mesmo quarto onde mora esse jeito bravo. E, de vez em quando, sem me dar conta, fico irônico, impaciente, a voz se encrespa. Imagino que isso aconteça quando, lá no meu inconsciente, onde mora o menino ridículo que apanhava, o sentimento de humilhação aparece. Magoei muitas pessoas com esse meu jeito, algumas de forma irremediável. Por isso estou triste. Mais triste porque sei que hoje, no mundo todo, os fracos são humilhados e apanham…

Rubem Alves

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Pela Criação do Estado da Palestina !

Palestino é todo indivíduo que nasce na Palestina. Atualmente os palestinos podem ser cristãos,muçulmanos, nascidos em territórios independentes ou em Jerusalém ( parte oriental).

Mesmo estando sob comando israelense os palestinos nascidos em Jerusalém possuem nacionalidade própria e são reconhecidos diplomaticamente em vários países, inclusive no Brasil, como um povo nação.

A Palestina encontra-se dividida em três partes: Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém oriental que integra o Estado de Israel.