quinta-feira, 10 de março de 2011

Como defensora do sistema de cotas nas universidades públicas, tomo emprestado o texto de Edson Borges.

“ Imagine dois corredores, um amarrado e outro solto.É claro que o corredor solto ganha sempre. Mas, um dia a plateia dessa competição imaginária chega a conclusão de que essa situação é injusta.

À custa de muita pressão, consegue-se convencer os organizadores a cortarem as cordas que prendiam um dos corredores.

Só que ele continua perdendo. Motivo: seus músculos estão atrofiados pela falta de treinamento. Se tudo continuar como está, a tendência é que ele perca sempre.

O que fazer para promover a igualdade de condições entre dois corredores ? Alguns sugerem que se dê um treinamento especial ao corredor que está amarrado. Pelo menos durante algum tempo.

Outros defendem um medida mais radical: por que não lhe dar uma vantagem de dez metros em cada corrida ?Logo se ouvem vozes denunciando que isso é discriminação. Mas há quem defenda: discriminação sim, mas positiva porque visa promover a igualdade, pois, tratar igualmente é perpetuar a desigualdade.

Essa história ilustra muito bem o conceito de " ação afirmativa” e o que o tema desperta na sociedade. Podemos dizer que os negros, as mulheres e outros grupos discriminados são como corredores amarrados: por vezes estiveram presos pelas cordas do racismo e da discriminação, por vezes traduzidos até em leis. Mesmo depois de soltos continuam a perdendo. Isso porque a discriminação, mesmo que ilegal, prossegue funcionando de forma disfarçada. No caso dos negros, há também a desvantagem histórica...”